“QUEM O APREHENDER SERÁ GRATIFICADO”: UMA ANÁLISE DAS FUGAS DE ESCRAVOS NO PHAROL E O LEOPOLDINENSE

Autores

  • Gisele do Nascimento Universidade Salgado de Oliveira

Palavras-chave:

escravos, fugas, Leopoldinense, Pharol

Resumo

Cansados dos castigos que lhe eram proferidos e a forma de vida degradante, os escravos fugiam na esperança de encontrar algum lugar longe do cativeiro, onde pudessem ter uma chance de recomeço. Fugiam sozinhos ou acompanhados por outro companheiro de cativeiro. A família impedia ou dificultava em parte as fugas, sendo os homens a maioria dos fujões, pois as mulheres se detinham aos laços familiares, principalmente aquelas que tinham filhos. Os escravos fugidos precisavam forjar meios de sobrevivência, buscando caminhos mais propícios à sua nova realidade. Por esta razão, é comum observar nos anúncios de fugas a descrição de objetos e roupas que os escravos levavam consigo ao fugir, isto lhes permitia que se  passassem por forros, misturando-se à população livre. Por mais mecanismos de controle que existiam, os escravos encontravam maneiras de se reafirmarem de alguma forma e recobrar o domínio sobre suas vidas, criando situações que lhes permitissem preservar sua identidade social. Uma das formas que seus senhores encontraram para a recaptura dos fujões era a publicação de anúncios nos jornais, muito comuns no século  XIX. Dessa maneira, tomamos como objeto de pesquisa dois importantes periódicos da Zona da Mata mineira oitocentista, denominados Pharol, impresso na freguesia de Juiz de Fora e O Leopoldinense, da freguesia de Leopoldina. Utilizaremos do recorte temporal no período de 1876 a 1888, analisando todas as fugas de escravos publicadas nestes periódicos. Objetiva-se neste estudo, analisar as características desses escravos bem como traçar parte do perfil dos mesmos e as estratégias utilizadas na busca pela liberdade, alcançada em parte pelas fugas. Acreditamos que este estudo poderá alargar a compreensão de parte do cotidiano escravo nestas freguesias, levando em consideração o fato de ambas possuírem a maior concentração de escravos na Mata mineira no século XIX.

Biografia do Autor

Gisele do Nascimento, Universidade Salgado de Oliveira

Mestranda em História PPGH Universo-Niterói

Referências

AMANTINO, Marcia. A escravidão em Cataguases e os cativos da família Vieira, in: Zona da Mata mineira: escravos, família e liberdade/ Jorge Prata de Sousa e Rômulo Garcia de Andrade (orgs.). Rio de Janeiro: Apicuri, 2012.

AMANTINO, Marcia. Os escravos fugitivos em Minas Gerais e os anúncios do jornal “O Universal” – 1825 a 1832. Locus revista de história, Juiz de Fora, v. 12, n. 2, 2006.

BATISTA, Caio da Silva. Crimes de escravos urbanos noticiados pelo jornal O Pharol na cidade do Juiz de Fora entre 1870 a 1888. Anais do XIX Encontro Regional de História, Juiz de Fora, 2014.

BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte / Sidney Chalhoub. – São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

DEBRET, Jean-Baptiste. Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento da imagem de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret; textos Luiz Felipe de Alencastro, Serge Gruzinski e Tierno Monénembo; reunidos e apresentados por Patrick Straumann; tradução de Rosa Freire d’Aguiar.- São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico, RJ, c.1790-c.1850. Manolo Florentino e José Roberto Góes, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

FREIRE, Jonis. Escravidão e família escrava na Zona da Mata Mineira oitocentista. São Paulo, Alameda, 2014.

FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. 2ª Ed. São Paulo: Brasiliana, 1979.

MARTINS, Maria do Carmo Salazar; LIMA, Maurício Antônio de Castro; SILVA, Helenice Carvalho Cruz da. População de Minas Gerais na segunda metade do século XIX: novas evidências. X Seminário sobre a economia mineira. Diamantina, 2002.

MUSSE, Christina Ferraz. A imprensa e a memória do lugar: Juiz de Fora (1870-1940). XII Congresso de Ciências das Comunicação da região sudeste, Vitória, 2011.

REIS, Liana Maria. Vivendo a liberdade: fugas e estratégias no cotidiano escravista mineiro. Cadernos De História, Belo Horizonte, v.1, nº1, out.1995.

RODRIGUES, José Luiz Machado. Maripá de Minas e região: “Subsídios históricos e outras lembranças”/ José Luiz machado Rodrigues – Rio de Janeiro: o autor, 2003.

SILVA, Rodrigo Fialho. O tom e o traço: apontamentos historiográficos sobre a imprensa no Brasil e em Minas Gerais na primeira metade do século XIX, Escritas, vol. 7, n. 1, 2015, ISSN 2238 – 7188.

SOUSA, Jorge Prata de; ANDRADE, Rômulo Garcia de. (orgs). Zona da Mata mineira: escravos, família e liberdade. Apicuri, Rio de Janeiro, 2012.

Downloads

Publicado

2019-10-14

Como Citar

Nascimento, G. do. (2019). “QUEM O APREHENDER SERÁ GRATIFICADO”: UMA ANÁLISE DAS FUGAS DE ESCRAVOS NO PHAROL E O LEOPOLDINENSE. SAPIENS - Revista De divulgação Científica, 1(2). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/3776

Edição

Seção

EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTES