A luminosidade afeta a estrutura da comunidade de invertebrados bentônicos em rios de pequeno porte?
Palavras-chave:
Chironomidae, Rio dos Mangues, Porto SeguroResumo
Introdução: Macroinvertebrados que habitam ambientes dulciaquícolas constituem um grupo altamente diversificado de organismos, sendo representados por diversos filos.
Objetivo: Verificar se existem diferenças na estrutura das comunidades bentônicas em áreas iluminadas ou sombreadas ao longo de um trecho do Rio dos Mangues em Porto Seguro no estado da Bahia.
Métodos: Foram selecionadas aleatoriamente sete áreas expostas à luminosidade e sete sombreadas, ao longo de um trecho do Rio dos Mangues (Porto Seguro, Bahia, Brasil), nas quais o sedimento foi coletado, com auxílio de um tubo extrator.
Resultados: Foram registrados 627 indivíduos, sendo a classe Insecta predominante, com 604 indivíduos. A Ordem Diptera representou 90,6% do total de indivíduos amostrados, sendo a família Chironomidae a mais abundante em ambas as áreas. Comparando-se as áreas amostradas, àquelas expostas a luz apresentaram maiores valores de diversidade, dominância e riqueza. Treze táxons foram registrados nestas áreas, enquanto que nas áreas sombreadas somente seis táxons foram constatados.
Conclusão: A comunidade de macroinvertebrados bentônicos do rio dos Mangues apresenta diferenças em sua composição e distribuição em relação à exposição ou não a luz. Além disso, a alta dominância da família Chironomidae, associada à baixa diversidade de outros grupos de insetos, pode indicar que o Rio dos Mangues já está refletindo processos de degradação.
Referências
ABDI, H.; VALENTIN, D. Multiple Correspondence Analysis. In: SALKIND, N. Ed. Encyclopedia of Measurement and Statistics. California: Sage, Thousand Oaks, 2007.1-13 p.
ALLAN, J.D. Stream ecology: structure and function of running waters. London: Chapman and Hall. 1995. 388 p.
ANDRADE, D.P.; PASCHOAL, L.R.P.; RIGOLIN-SÁ, O.; FRANÇA, N. Assessment of Hydroelectric Power Station Marechal Mascarenhas de Morais fifth-order tributaries water quality at the Rio Grande watershed (Minas Gerais State, Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia, São Carlos, v. 24, n. 3, p. 326-337, 2012.
BUENO, A.A.P.; BOND-BUCKUP, G. & FERREIRA, B.D.P. Estrutura da comunidade de invertebrados bentônicos em dois cursos d'água do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia = Zoologia, Curitiba, v. 20, n. 1, p. 115-125, 2003.
CALLISTO, M.; ESTEVES, F.; GONCALVES, J.; FONSECA, J. Benthic macroinvertebrates as indicators of ecological fragility of small rivers (igarapés) in a bauxite mining region of Brazilian Amazonia. Amazoniana, Kiel, v. 15, n. 1, p. 1-9, 1998a.
CALLISTO, M.; ESTEVES, F.; GONCALVES, J.; FONSECA, J. Impacts of bauxite tailings on sediment granulometry and distribution of benthic macrofauna in an igarape in central Amazonia, Brazil. Journal of the Kansas Entomological Society, v. 71, n. 4, p. 443-451, 1998b.
CALLISTO, M.; GONÇALVES JR, J.F.; MORENO, P. Invertebrados Aquáticos como Bioindicadores. In: GOULART, E.M.A. (Org.). Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais. Belo Horizonte: UFMG, 2005. p. 555-567.
CALLISTO, M.; MORENO, P.; BARBOSA, F.A.R. Habitat diversity and benthic functional trophic groups at Serra do Cipó, Southeast Brazil. Revista Brasileira de Biologia = Zoologia, Curitiba, v. 61, n. 2, p. 259-266, 2001b.
CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M.D.C. Macroinvertebrados bentônicos como ferramenta para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 71-82, 2001a.
CALOR, A.R. Trichoptera. 2007. In: FROEHLICH, C.G. (Org.). Guia on-line de identificação de larvas de insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. Disponível em <http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/index_trico>. Acesso em: 21 out. 2009.
CARVALHO, E.M. & UIEDA, V.S. Colonização por macroinvertebrados bentônicos em substrato artificial e natural em um riacho da Serra de Itatinga, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Biologia = Zoologia, Curitiba, v. 21, n. 2, p. 287-294, 2004.
DI GIOVANNI, M.V.; GORETTI, E.; TAMANTI, V. Macrobenthos in Montedoglio Reservoir, central Italy. Hydrobiologia, Brussels, v. 321, p. 17-28, 1996.
ESTEVES, F.A. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, FINEP, 1998. 602 p.
GIULIATTI, T.L. & CARVALHO, E.M. Distribuição de macroinvertebrados bentônicos em dois trechos do córrego Laranja Doce, Dourados/MG. Interbio, Dourados, v. 3, n. 1, p. 4-14, 2009.
GREGORY, S.V.; SWANSON, F.J.; McKEE, W.A.; CUMMINS, K.W. An ecosystem perspective of riparian zones. BioScience, v. 41, n. 8, p. 540-551, 1992.
HAUER, F.R. & RESH, V.H. Benthic macroinvertebrates. In: HAUER, F.R.; LAMPERTI, G.A. Eds. Methods in stream ecology. London: Academic Press, 1996. 673 p.
HAWKINS, C.P.; MURPHY, M.L.; ANDERSON, N.H; WILZBACH, M.A. Density of fish and salamanders in relation to riparian canopy and physical habitat in streams of the northwest United States. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, Toronto, v. 40, n. 8, p. 1173-1185, 1983.
HYNES, H. B. The ecology of running waters. Toronto: University of Toronto Press, 1970. 555 p.
INOUE, M.; NUNOKAWA, M. Spatial variation in density of stream benthic fishes in northern Hokkaido, Japan: does riparian vegetation affect fish density via food availability. Japanese Society of Limnology, Hikone, v. 6, p.7-14, 2005.
KAWAGUCHI, Y.; NAKANO, S. Contribution of terrestrial invertebrates to the annual resource budget for salmonids in forest and grassland reaches of a headwater stream. Freshwater Biology, New York, v. 46, p. 303-316, 2001.
KIKUCHI, R.M.; UIEDA, V.S. Composição da comunidade de invertebrados de um ambiente lótico tropical e sua variação espacial e temporal. In: NESSIMIAN, J.L. & CARVALHO, E. Eds. Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro: Series Oecologia Brasiliensis, 1998. p. 157-173.
KIKUCHI, R.M.; UIEDA, V.S. Composição e distribuição dos macroinvertebrados em diferentes substratos de fundo de um riacho no município de Itatinga, São Paulo, Brasil. Entomologia y Vectores, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 193-231, 2005.
LAROCQUE, I. How many chironomid head capsules are enough? A statistical approach to determine sample size for plaeoclimatic reconstruction. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. v. 172, p. 133-142, 2001.
LOPES, H.B.V.; BONFIM, L.F.C. Uso do solo e cobertura vegetal. In: LOPES, H.B.V. & BOMFIM, L.F.C. Eds. Projeto Porto Seguro – Santa Cruz Cabrália: Hidrogeologia. Salvador: Programa Informações Para Gestão Territorial - GATE, Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Prefeituras Municipais de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, 2000. p. 1-43.
MARIANO, R. & FROEHLICH, C.G. Ephemeroptera. 2007. In: FROEHLICH, C.G. Org. Guia on-line de identificação de larvas de insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline.> Acesso em: 21 out. 2009.
MERRIT, R.W. & CUMMINS, K.W. An introduction to the aquatic insects of North America. Dubuque: Kendal/ Hunt Publication Company, 1996. 1158 p.
MURPHY, M.L.; HEIFETZ, J.; JOHNSON, S.W.; KOSKI, K.V.; THEDINGA, J.F. Effects of clear-cut logging with and without buffer strips on juvenile salmonids in Alaskan streams. Canadian Journal of Fisheries Aquatic Science, Toronto, v. 43, p. 1521-1533, 1986.
MUSTOW, S.E. Biological monitoring of rivers in Thailand: use and adaptation of the BMWP score. Hydrobiologia, Dordrecht, v. 479, p. 191-229, 2002.
PESCADOR, M.L. General ecology of mayflies: adaptations, reproductive strategies and trophic categories. Colombia: Universidad del Valle, 1997.
RIBEIRO, L.O.; UIEDA, V.S. Estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos de um riacho em serra da Itatinga, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia = Zoologia, Curitiba, v. 22, n. 3, p. 613-618, 2005.
RÓLDAN-PÉREZ, G. Guía para el estudio de los macro invertebrados acuáticos del Departamento de Antioquia. Bogotá: Universidad de Antioquia, 1988. 216 p.
ODUM, E.P.; BARRETT, G.W. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 632 p.
SANSEVERINO, A.M.; NESSIMIAN, J.L. & OLIVEIRA, A.L.H. A fauna de Chironomidae (Diptera) em diferentes biótopos da Serra do Subaio (Teresópolis, RJ), p. 253-263. In: NESSIMIAN, J.L.; CARVALHO, A.L. Eds. Ecologia de Insetos Aquáticos. Rio de Janeiro: Série Oecologia Brasiliensis, 1998. p. 253-263.
SOUZA, L.O.I.; COSTA, J.M. & OLDRINI, B.B. Odonata. 2007. In: FROEHLICH, C.G. Org. Guia on-line de identificação de larvas de insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/Guia_online.> Acesso em: 21 out. 2009.
STEVENS, L.E.; SHANNON, J.P. & BLINN, D.W. Colorado river benthic ecology in grand canyon, Arizona, USA: Dam, tributary and geomorphological influences. Regulated rivers: Research & Management, Chichester, v. 13, p. 129-149, 1997.
TEIXEIRA, R.R.; COUTO, E.C.G. Crustacea Decapoda capturados através de coleta passiva em um trecho do Rio dos Mangues (Porto Seguro - BA). Biotemas, Florianopólis, v. 25, n. 4, 149-156, 2012.
TRIVINHO-STRIXINO, S.; STRIXINO, G. Larvas de chironomidae (Diptera) do Estado de São Paulo: guia de identificação e diagnóstico dos gêneros. São Carlos: PPG-ERN/UFSCar, 1998. 229p.
VANNOTE, R.L.; MINSHALL, G.W.; CUMMINS, K.W.; SEDEELL, J.R.; CUSHING, C.E. The river continuum concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, Toronto, v. 37, p. 130-137, 1980.
WALLACE, J.B. & WEBSTER, J.R. The role of macroinvertebrates in stream ecosystem function. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 41, p. 115-139, 1996.
WHITTON, B.A. River ecology. Studies in Ecology. Berkeley: University of California Press, 1975. 725 p.
WINCKLER-SOSINSKI, L.T.; SILVEIRA, T.C.L.; SCHULZ, U.H. & SCHWARZBOLD, A. Interactions between benthic macroinvertebrates and fishes in a low order stream in Campos de Cima da Serra, RS, Brazil. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, v. 68, n. 4, p. 695-701. 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Ciência ET Praxis
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.