EDUCAÇÃO FINANCEIRA TRANSFORMATIVA SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL DO MICROCRÉDITO POR IDOSOS EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADES QUE SE ENTRELAÇAM
DOI:
https://doi.org/10.36704/ppp.v15i30.7065Palavras-chave:
Consumo, consumo de crédito, bem-estar do consumidor, idosos de baixa rendaResumo
Esse artigo relata alguns resultados de uma pesquisa que buscou analisar a forma como o consumo de crédito pode influenciar o bem-estar individual e coletivo de idosos de baixa renda. A revisão da literatura contemplou discussões sobre o consumo de crédito e o conceito de bem-estar individual e coletivo. A pesquisa empírica seguiu os preceitos da Transformative Consumer Research (TCR) e foi dividido em três etapas: a primeira, uma etnografia em um grupo com 120 idosos, espaço no qual também se entrevistou individualmente 30 deles; a segunda, composta por entrevistas individuais com representantes das instituições fornecedoras de crédito, além de um ex-funcionário responsável de um banco internacional e um representante de uma organização de defesa de consumidor; e, por sua vez, a terceira etapa foi realizada por meio de trajetórias de vida com 4 famílias, escolhidas a partir dos 30 participantes idosos iniciais. O material foi analisado por meio da Análise Crítica de Discurso, na corrente proposta por Fairclough. Os resultados apontam que os diversos atores envolvidos no consumo de crédito (incluindo os próprios idosos, suas famílias e os ofertantes de créditos), por vezes, contribuem para afetar negativamente o bem-estar desses indivíduos. Constatamos também que alguns idosos também contribuem para a naturalização dos efeitos nocivos do crédito, como se pôde notar em suas manifestações discursivas.
Referências
ADAMS, V. M. et al. Financial Abuse of Older People by a Family Member: A Difficult Terrain for Service Providers in Australia. Journal of Elder Abuse & Neglect, 26, n. 3, 2014. 270-290.
ALMEIDA, T. G.; CASOTTI, L. M. Turismo voluntário e o bem-estar do consumidor na pesquisa transformativa do consumo. Rev. Ciências Administrativas, 21, n. 2, 2015. 531-553.
ALMEIDA, T. G.; CASOTTI, L. M. Ciclo Transformativo: Uma Proposição Conceitual a Partir de um Estudo. EnANPAD, XL. Costa do Sauípe - BA: Anais. 2016. p. 1-18.
ALVES, G. L. C. et al. Baixa renda: endividamento e compreensão de notícias econômicas. Inovcom, 5, n. 2, 2013. 38-51.
ALVES, L. M.; WILSON, S. T. The Effects of Loneliness on Telemarketing Fraud Vulnerability Among Older Adults. Journal of Elder Abuse & Neglect, 20, n. 1, 2008. 63-85.
ARNOULD, E. J.; THOMPSON, C. J. Consumer Culture Theory: Ten years gone (and beyond). In: THYRAFF, A.; MURRAY, J. B.; BELK, R. W. B. (. ). Research in consumer behavior. Bingley, UK: Emerald Group Publishing, 2015. p. 1-21.
BAKHTIN, M. O discurso no romance. In: ______ Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp, 1998.
BANK OF AMERICAN FORK. Bank of American Fork Encourages Age-Friendly Banking To Combat Elder Financial Abuse, 2014. Disponivel em: <http://www.prnewswire.com/news-releases/bank-of-american-fork-encourages-age-friendly-banking-to-combat-elder-financial-abuse-263837491.html>. Acesso em: 27 Set. 2022.
BATINGA, G. L. Nas fronteiras entre o formal, o informal e o ilegal: o lado obscuro do mercado de moda fast fashion no contexto brasileiro. Tese. Belo Horizonte: Puc Minas. 2018. p. 1-218.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
BAUMAN, Z. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BAUMAN, Z. Vida a crédito. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
BERNTHAL, M. J.; CROCKETT, D.; ROSE, R. L. Credit Cards as Lifestyle Facilitators. Journal of Consumer Research, 32, n. 1, 2005. 130-145.
BORTOLUZZI, D. A. et al. Aspectos do endividamento das famílias brasileiras no período de 2011-2014. Perspectiva, 39, n. 146, 2015. 111-124.
BRUSKY, B.; FORTUNA, J. P. Entendendo a demanda para as microfinanças no Brasil: um estudo. Rio de Janeiro: BNDES, 2002.
BUAES, C. S. Velhos consumidores, novos (super) endividados? Impacto do crédito consignado. In: (ED.), C. Envelhecimento e Subjetividade: desafios para uma cultura de compromisso social. Brasília: CFP, 2008. p. 196.
BURRELL, G.; MORGAN, G. The Radical Humanist Paradigm. In: BURREL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organisational analysis: elements of the sociology of corporate lite. [S.l.]: Ashgate, 1979. Cap. 3, p. 32-33.
BURROUGHS, J. E.; RINDFLEISCH, A. What welfare? On the definition and domain of transformative consumer research and the foudational role of materialism. In: MICK, D. G., et al. Transformative Consumer Research: for personal and collective well-being. EUA: Taylor & Francis Group, 2012. Cap. 12, p. 249-266. ISBN 9781848728523.
BUTLER, S. Low-income, Rural Elders' Perceptions of Financial Security and Health Care Costs. Journal of Poverty, 10, n. 1, 2006. 25-43.
CAMPOS, K.; SOUZA, M. L.; MATOS, L. S. Impacto da Crise Econômica do Crédito nos Indicadores de Desempenho dos Maiores Bancos Brasileiros: Uma Análise entre os Anos de 2005 a 2012. Reunir, 5, n. 2, 2015. 122-143.
CHAUVEL, M. A.; MATTOS, M. P. A. Z. Consumidores de Baixa Renda: Uma revisão dos achados nos estudos feitos no Brasil. Cadernos EBAPE, 6, n. 2, 2008. 1-17.
COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de Pesquisa em Administração. 12. ed. São Paulo: Bookman, 2016.
DALMORO, M.; VITORAZZI, K. Trajetórias de Consumo: O Sujeito-Consumidor de Serviços Bancários na Terceira Idade. RAC, 20, n. 3, 2016. 328-346.
DEVILLE, J. Consumer credit default and collections: the shifting ontologies of market attachment. Consumption Markets & Culture, 17, n. 5, 2014. 468-490.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: UNB, 2001.
FAIRCLOUGH, N.; MELO, I. F. Análise Crítica do Discurso como método em pesquisa social científica. Linha D´Água, 25, n. 2, 2012. 307-329.
FARIA, M. D. A eterna criança e as barreiras do ter: consumo de pessoas com síndrome de down e suas famílias. Rio de Janeiro: Tese (Doutorado em Administração) - – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.
FARIA, M. D.; CASOTTI, L. M.; CARVALHO, J. L. F. S. A decisão de compra de veículos adaptados por consumidores com deficiência motora. Rev. de Administração da UNIMEP - RAU, 14, n. 3, 2016. 112-141.
FORBES. Bilionários: as pessoas mais ricas do mundo. Forbes.com, 09 Fev. 2020. Disponivel em: <https://www.forbes.com/billionaires/#7b1801bd251c>.
GARCIA, A. Filologia. Figuras de Linguagem, 04 Fev. 2020. Disponivel em: <https://www.filologia.org.br/viiisenefil/03.html>.
GARVEY, A. M.; GERMANN, F.; BOLTON, L. E. Performance Brand Placebos: How Brands Improve Performance and Consumers Take the Credit. Journal of Consumer Research, 42, n. 6, 2015. 931-951.
GILHOOLY, M. L. M. et al. Framing the detection of financial elder abuse as bystander intervention: decision cues, pathways to detection and barriers to action. The Journal of Adult Protection, 15, n. 2, 2013. 54-68.
GONZALEZ, L. Consumo e crédito: distorções recentes e ajustes. GV-Executivo, 14, n. 1, 2015. 30-33.
GRAEBER, D. Consumption. Current Antropology, 52, n. 4, 2011. 489-511.
HENNIGEN, I. Endividado, devo: Governo da Vida pelas finanças. Fórum linguistic., 16, n. 3, 2019. 3953-3965.
HÖRL, J.; SPANNRING, R. Violence in old age. In: HÖRL, J.; SPANNRING, R. Violence in the Family. From the Removal of Taboos to Professionalisation. Vienna: BMSG, 2001. p. 305-344.
KOTLER, P. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
LANGLEY, P. Consuming credit. Consumption Markets & Culture, 17, n. 5, 2014. 417-428.
LAZZARATO, M. The Making of the Indebted Man. New York: MIT Press, 2012.
LAZZARATO, M. O Governo do Homem Endividado. Tradução de Daniel P. P. Costa. 1. ed. São Paulo: n-1edições.org, 2017.
LITTWIN, A. Coerced Debt: The Role of Consumer Credit in Domestic Violence. California Law Review, 100, n. 4, 2012. 951-1026.
MANO, R. F. Consumidor com deficiência: implicações de fatores pessoais e contextuais no consumo varejista de João Pessoa/PB. Dissertação de Mestrado. João Pessoa: Universidade Federal do Paraíba (UFPB). 2014. p. 199p.
MARI, C. Book Review: David Glen Mick, Simone Pettigrew, Cornelia Pechmann, and Julie L. Ozanne (eds.): Transformative Consumer Research for Personal and Collective Well-Being. J Consum Policy, 34, 2011. 475-480.
MAURER, B. Postscript: is there money in credit? Consumption Markets and Culture, 17, n. 5, 2014. 512-518.
MAURER, B.; NELMS, T. C.; SWARTZ, L. ‘‘When perhaps the real problem is money itself!’’: the practical materiality of Bitcoin. Social Semiotics, 23, n. 2, 2013. 1-17.
MAUSS, M. Ensaio Sobre a Dádiva, Forma e Razão da Troca nas Sociedades. In: MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify., 2003. p. 183-314.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponivel em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/>. Acesso em: 06 Set. 2022.
MONTE, E. Manual de equitação da Federação Paulista de Hipismo. São Paulo: Federação Brasileira de Hipismo, 2011.
NAROTZKY, S.; SMITH, G. Immediate Struggles: people, power and space in rural spain. Berkeley: University of California Press, 2006.
NEPOMUCENO, M. V.; LAROCHE, M. The impact of materialism and anti-consumption lifestyles on personal debt and account balances. Journal of Business Research, 68, n. 3, 2015. 654-664.
NEPOMUCENO, M.; LAROCHE, M. Anti-Consumption Lifestyles and Personal Debt. Advances in Consumer Reserch, 40, 2012. 699-700.
OSSANDÓN, J. Sowing consumers in the garden of mass retailing in Chile. Consumption Markets & Culture, 17, n. 5, 2014. 429-447.
OZANNE, J. L.; SAATCIOGLU, B. Participatory Action Research. Journal of Consumer Research, 35, n. 3, 2008. 423-439.
PAZ, A. A.; SANTOS, B. R. L.; EIDT, O. R. Vulnerabilidade e envelhecimento no contexto da saúde. Acta Paul Enferm, 19, n. 3, 2006. 338-342.
PEÑALOZA, L.; BARNHART, M. Living U.S. Capitalism: The Normalization of Credit/Debt. Journal of Consumer Research, 38, n. 4, 2011. 743-762.
PEREIRA, C. R.; STREHLAU, S. A Dádiva na Dívida: um Estudo sobre o Endividamento Familiar. V EMA. Curitiba: Anpad. 2012. p. 1-14.
POSER, D. V. Marketing de relacionamento: maior lucratividade para empresas vencedores. Barueri: São Paulo, 2005.
RAMALHO, V.; RESENDE, V. M. Análise de Discurso (para a) Crítica: o texto como material de pesquisa. Campinas: Pontes, 2011.
RIBEIRO, L. P. Considerações sobre a violência. In: RIBEIRO, L. O campo, a violência e a Educação do Campo. Rio de Janeiro: Gramma, 2017. p. 23-35.
SAATCIOGLU, B.; CORUS, C. Poverty and Intersectionality: A Multidimensional Look into the Lives of the Impoverished. Journal of Macromarketing, 34, n. 2, 2014. 122-132.
SANCHEZ, Y. M. Distinguishing Cultural Expectations in Assessment of Financial Exploitation. Journal of Elder Abuse & Neglect, 8, n. 2, 1997. 49-59.
SANTI, P. L. R. Crédito acessível, consumo compulsivo. GV-Executivo, São Paulo, 14, n. 1, 2015. 34-37.
SHARMA, E.; SUSSMANN, A. B. Session Overview: Becoming a Saver: Benefits, Obstacles, and Aids. Advances in Consumer Research, 42, 2014. 151-156.
SILVA, A. L. B.; SILVA, K.; DIVINO, B. Dinâmica de compra de alimentos das famílias de baixa renda frente às limitações do orçamento familiar. Revista Administração em Diálogo, 17, n. 2, 2015. 104-128.
SILVA, H. M. R.; PARENTE, J.; KATO, H. T. Segmentação da baixa renda baseado no orçamento familiar. Adm. Faces Journal, 8, n. 4, 2009. 98-114.
SOEDERBERG, S. Debtfare States and the Poverty Industry. New York: Routledge, 2015.
VIANA, D. Margaret Atwood e a questão da dívida. Valor Econômico, 2012. Disponivel em: <https://jornalggn.com.br/cultura/margaret-atwood-e-a-questao-da-divida/>. Acesso em: 19 Set. 2022.
VIZEU, F. Contribuições da Sociologia da Dádiva aos Estudos sobre Organizações Substantivas. O & S, 16, n. 50, 2009. 409-427.
WEISS, H. Creditworthiness and the Consumer perspective: on credit scoring in Israel. Max-Planck-Gesellschaft, 2016. 1-11.
WODAK, R.; MEYER, M. Methods of Critical Discourse Analysis. London: Sage, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Visto que o periódico oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento, ao submeter o artigo para esta revista os autores concordam com os seguintes termos:
a) Os autores declaram ser o texto inédito e livre de plágio, respeitando-se os direitos de outros pesquisadores.
b) O envio de artigos é voluntário e a aceitação dos textos implica automaticamente a cessão dos direitos autorais relativos ao trabalho.
c) Os autores também declaram que o artigo não está sendo avaliado para publicação por outra revista; caso contrário, devem justificar-se em "Comentários ao editor". Excepcionalmente poderão ser recebidos textos já publicados quando: for tradução de artigo relevante para o português; se houver alguma chamada pública para vinculada ao periódico fast-track.
d) Afirmações, opiniões e conceitos expressados nos artigos são de inteira responsabilidade dos autores.
DECLARACIÓN DE DERECHOS DE AUTOR
Dado que la revista ofrece acceso gratuito e inmediato a su contenido, siguiendo el principio de que hacer que el conocimiento científico esté disponible gratuitamente para el público proporciona una mayor democratización mundial del conocimiento, al enviar el artículo a esta revista, los autores aceptan los siguientes términos:
a) Los autores declaran que el texto es nuevo y libre de plagio, respetando los derechos de
otros investigadores.
b) La presentación de artículos es voluntaria y la aceptación de los textos implica automáticamente la asignación de derechos de autor relacionados con el trabajo.
c) Los autores también declaran que el artículo no está siendo evaluado para su publicación por otra revista; de lo contrario, deben justificarse en "Comentarios al editor".
Excepcionalmente, los textos ya publicados pueden recibirse cuando: es una traducción de un artículo relevante al portugués; si hay alguna llamada pública para vincularse a la publicación de vía rápida.
d) Las afirmaciones, opiniones y conceptos expresados en los artículos son responsabilidad exclusiva de los autores.
COPYRIGHT STATEMENT
Since the Journal offers immediate free access to its content, following the principle that making scientific knowledge freely available to the public provides greater worldwide democratization of knowledge, by submitting the article the authors agree with the following terms:
a) The authors declare that the text is new and free of plagiarism, respecting the rights of other researchers.
b) The submission of articles is voluntary and the acceptance of the texts automatically implies the assignment of copyright related to the work.
c) The authors also declare that the article is not being evaluated for publication by another Journal; otherwise, they must be justified in "Comments to the editor". Exceptionally, texts already published may be received when: it is a translation of a relevant article into Portuguese; if there is any public call for linked to the fast-track periodical.
d) Affirmations, opinions and concepts expressed in the articles are the sole responsibility of the authors.