No meu terreiro há o que se pisar

Danças negras para a promoção da equidade racial

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Autores

  • Bruno De Sena Marçal Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG
  • Ridalvo Félix de Araújo Kilombo Erês: Mensageiras dos Ventos

DOI:

https://doi.org/10.36704/sdhe.v7i2.9093

Palavras-chave:

Danças negras, Escola Integrada, Educação, Relações étnico-raciais

Resumo

Este artigo aborda uma experiência no Curso Técnico em Dança da Escola Estadual CICALT, em Belo Horizonte, em 2018. O foco está na disciplina “Danças de matrizes africanas, folclóricas e populares”, ministrada pelo Professor Rio Bantu Fulô do Kariri. Escrita por um ex-aluno que se tornou docente na rede municipal, a narrativa reflete sobre a interação entre estudantes da rede pública, comunidade escolar e temas ligados ao Projeto Escola Integrada. O texto explora desafios no ensino das danças de matrizes africanas, conduzido por um jovem professor negro, abordando questões de raça, racismo, negritude, visões negras de mundo e religiões de matriz africana. Analisa ainda as implicações pedagógicas e culturais desse trabalho em espaços educativos, destacando seu papel na construção de identidades e no enfrentamento de estigmas sociais.

Biografia do Autor

Bruno De Sena Marçal, Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG

Bruno de Sena Marçal (Kasula), é nascido em Peçanha-MG no Vale do Rio Doce e criado em Belo Horizonte-MG por suas duas matriarcas, Mãe e Avó. E cantante-dançante desde 2018 da Comunidade de Tradição Preta em Samba de Coco “Coquistas de Tia Toinha” e do Kilombo Erês; mensageiras dos Ventos e seus projetos , (Nupergepe, Cia Erês e Os Mavambos ). Graduando em Pedagogia na Universidade Do Estado de Minas Gerais-UEMG, tem desenvolvido pesquisas sobre Educação e Relações Etnico-Raciais com foco nos estudos sobre as danças negras e sobre as práticas kilombolas na infância e mais recentemente juventudes, participando de projetos de Extensão e de Iniciação Científica. Além disso, fez parte de projetos de pesquisas em Comunidades Tradicionais na cidade de Belo Horizonte-MG e Crato e Juazeiro do Norte no estado do Ceará.

Ridalvo Félix de Araújo, Kilombo Erês: Mensageiras dos Ventos

Ridalvo Felix de Araujo (Rio Bantu Fulô do Kariri), Rio é do SerTão nordestino, Bantu pelas continuidades recriadas nos lados de cá, Fulô botada no Kariri por Maria, lavadeira, e João, pintor e pedreiro. É cantante-dançante, nganga cultural, professor, ator, performer, diretor teatral e de audiovisual, compositor, curador de exposições e artes das cenas, regente da Comunidade de Tradição Preta Samba de Coco Coquistas de Tia Toinha e do Kilombo Erês: Mensageiras dos Ventos (Nupergepe, Cia Erês, Os Mavambos e Butukas de Erês), e cantante-dançante da Guarda de Congo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Ibirité/MG. Rio Bantu Fulô do Kariri é Mestre e Doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMG. Em 2016, Rio voltou para o continente africano e fez uma parte de seu doutoramento na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo/Moçambique). Rio Bantu tem especialidade em Poéticas/Textos Orais de Visões Negras de Mundo e Performances Ritualísticas com alguns livros publicados que versam sobre esses universos. Sua docência tem sido vivida nas Instituições/Faculdades de Dança, Música, Teatro, Artes Circenses, Canto, Pedagogia e Letras.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

De Sena Marçal, B., & Félix de Araújo, R. (2024). No meu terreiro há o que se pisar : Danças negras para a promoção da equidade racial. SCIAS. Direitos Humanos E Educação, 7(2), 295–314. https://doi.org/10.36704/sdhe.v7i2.9093