Educação afrodiaspórica e transformações na prática universitária: o SULear como uma perspectiva decolonial entre saberes

Autores

  • Jair da Costa Júnior
  • Walter Ude

Resumo

Este artigo se propõe a refletir sobre o campo da educação no Brasil, tendo em vista a história colonial marcante dos seus pressupostos pedagógicos, os quais criaram hierarquias fundamentadas em um suposto saber hegemônico de matriz eurocêntrica. A escola se tornou a grande representante da razão ocidental ao subjugar outras matrizes epistêmicas, como os saberes africanos e indígenas. Esse enquadramento acadêmico modernista reproduz os princípios de homogeneização e da dominação normalizadora que configuram os processos de inculcação de um sentido de subalternização. Os processos genéticos que conformaram o campo da educação brasileira, que, dentre outras premissas, tem na catequização dos jesuítas seu mote gerador, se mostram, ainda hoje, no século XXI com forte evidência, mesmo na formação universitária, num contexto que representa o locus do questionamento dos fenômenos sociais. Pretendemos analisar os fundamentos da educação no Brasil a partir de referenciais da história da educação e da constituição da educação enquanto campo de conhecimento, buscando evidenciar os mecanismos de reprodução do sentido de imposição da colonialidade do poder como processo pedagógico oficial que abarca todos os níveis da educação, com ênfase nas práticas do ensino universitário. Buscando colocar em suspensão os fundamentos dessa matriz de dominação na área educacional, apresentaremos como contraponto a proposta de uma pedagogia libertária, fundamentada na educação afrodiaspórica, por meio de uma leitura crítica e SULeada das configurações sociais e cognitivas para o desmantelamento desse sistema de dominação secular. Compreendemos, portanto, que frente a esse cenário sócio-histórico de eternização e reprodução do legado colonialista, perspectivas decoloniais emergem como forma de desestabilizar tais estruturas. Destarte, o exercício de SULear nos aponta horizontes, Sul’s, possíveis de efetivação dessa hercúlea tarefa. É preciso decolonizar os espíritos, de forma prática e cotidiana, e para isso, SULear nossas experiências e narrativas articulando-as a possibilidades de criar referências e representações simbólicas com as quais nos reconheçamos como partícipes da história, pontos de referência e reconhecimento. 

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Publicado

04-10-2019

Como Citar

Costa Júnior, J. da, & Ude, W. (2019). Educação afrodiaspórica e transformações na prática universitária: o SULear como uma perspectiva decolonial entre saberes. Revista Interdisciplinar Sulear. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sulear/article/view/4159