Decolonialidade e o letramento crítico de pessoas negras
Palavras-chave:
Decolonialidade, letramento digital, racismoResumo
Este ensaio teórico aprofunda a importância da abordagem decolonial no letramento digital de pessoas negras, destacando as profundas marcas da colonização na constituição cultural e social do Brasil. Ao explorar as raízes coloniais do país, o texto revela a construção de narrativas distorcidas que perpetuam preconceitos e estigmas sobre povos originários e pessoas negras. Para além da ocupação territorial, o ensaio analisa a anulação cultural e desumanização de povos africanos e indígenas durante o processo de colonização, ressaltando a persistência dessa estrutura na sociedade contemporânea. A importância do movimento decolonial para a desconstrução dessas estruturas é enfatizada, promovendo uma análise sobre o impacto desse processo sobre a garantia de direitos fundamentais às pessoas negras. A segunda parte do ensaio concentra-se no letramento digital crítico de pessoas negras, destacando as desigualdades persistentes no acesso à tecnologia no Brasil. Explorando a influência de grandes corporações na experiência online, o texto aponta para a reprodução de estigmas e preconceitos, especialmente contra grupos historicamente marcados pelo colonialismo. Exemplos, como a visão computacional, evidenciam vieses raciais nas categorizações de imagens. O letramento digital crítico é apresentado como um processo emancipatório para compreender e resistir a essas dinâmicas, para a necessária emancipação das populações vulnerabilizadas. O ensaio destaca a necessidade de um compromisso coletivo para superar desafios, incluindo regulações para a internet, investimentos em infraestrutura e uma abordagem educacional que reconheça as relações étnico-raciais. Em última análise, enfatiza a importância de romper com ideologias colonialistas para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
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