Comparando os conceitos de gambiarra e inovação frugal
Visualizações: 30DOI:
https://doi.org/10.36704/transverso.v1i16.9220Palavras-chave:
gambiarra, inovação frugal, improvisoResumo
O termo “gambiarra” é um conceito disseminado no Brasil como um conjunto de formas de solução de problemas cotidianos por meio da improvisação gerando soluções provisórias, tecnicamente limitadas ou de baixa qualidade. A inovação frugal, conceito que se difundiu pelo mundo associado à palavra hindu “jugaad” (“conserto inovador”, em tradução livre), ressignifica como inovar e para quem a inovação se destina, tendo como protagonistas populações de países em desenvolvimento como o Brasil. A partir de uma revisão da literatura e de uma análise observacional comparativa, este artigo busca avaliar semelhanças e diferenças entre os conceitos de “gambiarra” e “inovação frugal” a partir de três exemplos reais, avaliando se a gambiarra pode ser considerada uma manifestação brasileira de inovação frugal.
Referências
BERNARDES, R.; BORINI, F.; FIGUEIREDO, P. N. Inovação em Organizações de Economias Emergentes. Cadernos EBAPE.BR, v. 17, n. 4, p. 886–894, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1679-395120190184
BHATTI, Y. A. What is Frugal, What is Innovation? Towards a Theory of Frugal Innovation. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/Delivery.cfm/SSRN_ID2005910_code1653301.pdf?abstractid=2005910&mirid=1&type=2. Acesso em: 4 abr. 2023.
BONSIEPE, Gui; I ESTRANY, Santiago Pey. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1978.
BOUFLER, R. A Questão da Gambiarra: formas alternativas de desenvolver artefatos e suas relações com o design de produtos. Dissertação (Mestrado em Design e Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Paulo, 2007.
BOUFLER, R. Fundamentos da Gambiarra: A Improvisação Utilitária Contemporânea e seu Contexto Socioeconômico. Tese (Doutorado em Design e Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Paulo, 2013.
CHIESA, C.; FOLETTO, L. On Gambiarras Technical Improvisations à la Brazil. [S. l.; s. n.]. Disponível em: http://www.leofoletto.info/wp-content/uploads/2022/05/Global-DDH-Chapter-21.pdf. Acesso em: 13 dez. 2022.
CORRÊA, P. C. M. Desobediência tecnológica e gambiarra: o design espontâneo periférico como caminho para outros futuros. 131f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
DAGNINO, Renato et al. A tecnologia social e seus desafios. In: Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento, 2004. p. 187-209.
DE PAULA JOSE, Marcio; PINHEIRO, Olímpio José. Design Vernacular-Conceitos e Intersecções para o Design de Moda. Projetica, v. 14, n. 3, p. 35-35, 2023. DOI: https://doi.org/10.5433/2236-2207.2023.v14.n3.48802
FARFUS, Daniele; ROCHA, MC de S. Inovação Social: um conceito em construção. Inovações sociais, v. 11, 2007.
FERNANDA, B. Objetos técnicos sem pudor: gambiarra e tecnicidade. Revista Eco-Pós, v. 20, n. 1, p. 136–149, 2017.
FERNANDES, J. et al. Produção Científica em Inovação Frugal: Uma Análise Bibliométrica. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 1, p. 126–143, 2020. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv6n1-009
GARCIA, R. M. Tecnologia apropriada: amiga ou inimiga oculta? Revista de Administração de Empresas, v. 27, n. 3, p. 26–38, 1987. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-75901987000300004
GUIMARÃES, C. Gambiarras. Cao Guimarães. Disponível em: https://www.caoguimaraes.com/foto/gambiarras/. Acesso em: 9 mai. 2023.
HERNÁNDEZ, E. B. R. et al. Autonomia política como experiência comunicativa de bricolagem e práticas de resistência na gambiarra. Comunicação Mídia e Consumo, v. 15, n. 43, p. 41, 2018. DOI: https://doi.org/10.18568/cmc.v15i43.1638
KAHLE, H. et al. The democratizing effects of frugal innovation. Journal of Indian Business Research, v. 5, n. 4, p. 220–234, 2013. DOI: https://doi.org/10.1108/JIBR-01-2013-0008
KHAN, R. How Frugal Innovation Promotes Social Sustainability. Sustainability, v. 8, n. 10, p. 1034, 2016. DOI: https://doi.org/10.3390/su8101034
KOERICH, G. V.; CANCELLIER, É. L. P. D. L. Inovação Frugal: origens, evolução e perspectivas futuras. Cadernos EBAPE.BR, v. 17, n. 4, p. 1079–1093, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1679-395174424
LAGNADO, Lisette. O malabarista e a gambiarra. Revista Trópico, São Paulo, v. 3, 2003.
LELLO, José; LELLO, Edgar. Dicionário prático ilustrado: novo dicionário enciclopédico luso-brasileiro. Porto: Lello & Irmão – Editores, 1962.
LEVÄNEN, J. et al. Implications of Frugal Innovations on Sustainable Development: Evaluating Water and Energy Innovations. Sustainability, v. 8, n. 1, p. 4, 2015. DOI: https://doi.org/10.3390/su8010004
LIM, C.; FUJIMOTO, T. Frugal innovation and design changes expanding the cost-performance frontier: A Schumpeterian approach. Research Policy, v. 48, n. 4, p. 1016–1029, 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.respol.2018.10.014
LIMA, E. DE O. Entrepreneurship in non-Schumpeterian (or alternative) ways: Effectuation and Bricolage to overcome crises. REGEPE - Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 11, n. 3, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.14211/ibjesb.e2344. DOI: https://doi.org/10.14211/ibjesb.e2344
LOPES, M. Da antropofagia Tupinambá à gambiarra: processos de incorporação. PARALAXE, v. 5, p. 209–217, 2018.
MACHADO, L. C. R. Empreendedorismo Social e Inovação Social: enfoque, finalidades e conexões conceituais: Um estudo de aproximações teóricas e finalidades. Revista Mosaico, v. 11, n. 2, p. 35–46, 2020. DOI: https://doi.org/10.21727/rm.v11i2.1880
MALHÃO, R. S. Práticas desviantes: da gambiarra a desobediência tecnológica, quebrando a sócio-lógica do capital. In: ReACT – Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia. Anais […]. São Paulo: UNICAMP, 2015.
MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade: Comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: Editora E-papers, 2008.
MANZINI, E. Design quando todos fazem design: uma introdução ao design para a inovação social. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2017.
OLIVEIRA, Marcos Vinícius Machado de; CURTIS, Maria do Carmo Goncalves. Por um design mais social: conceitos introdutórios. Revista D: design, educação, sociedade e sustentabilidade, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 20-36, 2018.
PAWLOWSKI, J. M. Towards Born-Global Innovation: The Role of Knowledge Management and Social Software. In: EUROPEAN CONFERENCE ON KNOWLEDGE MANAGEMENT, 2013, Kauna. Anais […]. Kauna: Academic Conferences and Publishing International Limited, 2013.
PAZETTO, A. Z. et al. Abordando o espectro da inovação social. Revista de Ciências da Administração, v. 24, n. 63, 2022. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8077.2022.e90394
PAZMINO, Ana Verónica. Uma reflexão sobre design social, eco design e design sustentável. Simpósio Brasileiro de Design Sustentável, v. 1, p. 1-4, 2007.
PHILLIPS, W. et al. Social Innovation and Social Entrepreneurship. Group & Organization Management, v. 40, n. 3, p. 428–461, 2014. DOI: https://doi.org/10.1177/1059601114560063
RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. A inovação do Improviso. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
RAO, B. C. How disruptive is frugal?. Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65–73, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2013.03.003
RAVISHANKAR, M. N. A Bricolage Perspective on Technological Innovation in Emerging Markets. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 63, n. 1, p. 53–66, 2016. DOI: https://doi.org/10.1109/TEM.2015.2494501
RODRIGUES, I.; BARBIERI, J. C. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 6, p. 1069–1094, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-76122008000600003
ROGERS, M. Contextualizing Theories and Practices of Bricolage Research. Qualitative Report, v. 17, 2012.
ROSAS, R. Gambiarra: alguns pontos para se pensar uma tecnologia recombinante. Revsita Gambiarra, v. 1, n. 1, p. 19, 2008.
SCHRÖER, A. Social Innovation in Education and Social Service Organizations. Challenges, Actors, and Approaches to Foster Social Innovation. Frontiers in Education, v. 5, 2021. DOI: https://doi.org/10.3389/feduc.2020.555624
SILVA, Carolina Fialho; FIORELLI, Marilei. Recôncavo design: proposições iniciais de pesquisa sobre design vernacular no recôncavo. ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA, v. 18, 2022.
SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations – Quo Vadis?. Current Science, v. 109, n. 9, p. 1567–1572, 2015. DOI: https://doi.org/10.2139/ssrn.2678861
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão de Inovação. Tradução: Félix Nonnenmacher. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
TIWARI, R.; HERSTATT, C. Assessing India’s lead market potential for cost‐effective innovations. Journal of Indian Business Research, v. 4, n. 2, p. 97–115, 2012. DOI: https://doi.org/10.1108/17554191211228029
TRAGTENBERG, J.; ALBUQUERQUE, G.; CALEGARIO, F. Gambiarra and Techno-Vernacular Creativity in NIME Research. NIME, Shanghai, [s. n.], 2021.
TURETA, C.; AMÉRICO, B. L. Gambiarra as an Emergent Approach in the Entanglement of the Organizational Aesthetic and Technical Controversies: The Samba School Parade Case. BAR - Brazilian Administration Review, v. 17, n. 3, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2020190123
VARELLA, S.; MEDEIROS, J.; JUNIOR, M. O desenvolvimento da teoria da inovação schumpeteriana. In: XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2012. Anais […]. Bento Gonçalves, RS, 2012.
Downloads
- Artigo 17
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Transverso
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
O tipo de licença utilizado nessa revista é CC BY; Essa licença permite que outras pessoas distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que sejam creditadas pela criação original. Essa é a licença mais flexível oferecida. Recomendado para máxima disseminação e uso de materiais licenciados.
The type of license used in this magazine is CC BY; This license allows others to distribute, remix, adapt and develop their work, even commercially, as long as they are credited for the original creation. This is the most flexible license offered. Recommended for maximum dissemination and use of licensed materials.
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Proposta de Política para Periódicos que oferecem Acesso Livre Adiado
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution [ESPECIFICAR TEMPO AQUI] após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).