Políticas de ações afirmativas e seus limites frente à branquitude no Ensino Superior

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DOI:

https://doi.org/10.36704/eef.v25i45.5582

Palavras-chave:

Branquitude, Educação, Racismo, Subjetividade

Resumo

Resumo

Este artigo teve como referência os resultados da pesquisa de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE/UFOP. Foram expostas aqui nossas reflexões acerca da investigação do contexto de três Políticas de Ações Afirmativas (PPA) aplicadas ao Ensino Superior brasileiro (Lei nº. 10.639/2003, Lei nº. 12.711/2012, Lei nº. 12.990/2014). A partir da chave de leitura dos estudos críticos da branquitude no Brasil, enunciamos possibilidades de compreensão dos limites das legislações frente à subjetividade, onde (re)conhecer que a ideologia racial é estruturante da sociedade brasileira não tem sido o suficiente. Concluímos que é preciso saber de si, dar contorno às instâncias subjetivas e interpelar a posição dos sujeitos docentes do Ensino Superior.

 

Palavras-chave: Branquitude. Educação. Racismo. Subjetividade.

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Biografia do Autor

Adelina Malvina Barbosa Nunes, Universidade Federal de Ouro Preto-MG

Mestra em Educação no Programa de Pós -Graduação em Educação na Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP; Especialista em Micropolíticas e Gestão do Trabalho em Saúde pela UFF/RJ, Especialista em Políticas Públicas com ênfase em Gênero e Relações Etnorraciais- UFOP/MG; Psicóloga- Faculdade Pitágoras de Ipatinga - MG. Coordenadora do Grupo de Estudo: Raça, Literatura e Subjetividade (2019- atual) , Co-orientadora do Projeto de Ação Afirmativa PIDIC/UFOP EntrEncontros: Roda de acolhimento saúde mental (2020) e UniverCidade: um encontro de trajetórias negras (2020). Colaboradora no Projeto de Extensão : Literatura e Jovens Aprendizes: Conhecendo as muitas tramas (de ontem e de hoje) que (re)constroem identidades (2019- 2020) e Promoção da igualdade de gênero no contexto da pandemia da covid-19: ações na Escola Municipal Bento Rodrigues a partir da Literatura Negro-brasileira do Encantamento Infantil e da Literatura Indígena  (2021- atual). Membra do Neabi- UFOP, do Grupo de pesquisa Caleidoscópio, do Grupo de Estudos Críticos da Branquitude UFSC/SC (2018-2020), da Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais - CRP/MG e da Articulação Nacional de Psicólogas(os) negras(os) e pesquisadores- ANPISNEP. Filiada a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras - ABPN. Conselheira Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Mariana (2018-2020). Referência Técnica em Saúde Mental infantojuvenil - CAPSij (2019- atual).

Margareth Diniz, Professora Associada II de Psicologia. Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP

Graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Psicanalista, Professora Associada I de Psicologia da UFOP, Coordenadora do Observatório de Pesquisa Educacional CAPES/FAPEMIG e Líder do Grupo de pesquisa Caleidoscópio/ UFOP/CNPQ. Coordenadora do Programa de Pesquisa/extensão Caleidoscópio. Participa dos grupos de pesquisa sobre formação e condição docente - PRODOC - UFMG e do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais sobre a Infância. (LEPSI-MG). Integra a Rede Internacional de Pesquisa em Psicanálise, Educação e Política - RIPPEP - UFRGS e é uma das coordenadoras da RUEPSY- Rede Universitária Internacional de Estudos em Psicanálise e Educação. Participa da Associação Nacional de Pós-Graduação de Pesquisa em Educação (ANPEd) no GT 8  Formação docente. Integra o Programa de Pós-graduação - Mestrado e Doutorado em Educação - UFOP e o Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado - UFOP. Pesquisa temas do campo Psicanálise-Educação, especialmente relacionados à subjetividade, à inclusão de pessoas com necessidades específicas, à diversidade de gênero e sexualidade e à diferença. Busca interrogar a formação docente e as práticas educativas inclusivas a partir da subjetividade do/a pesquisador/a, do/a formador/a e do/a docente, utilizando o método clínico, a conversação e o cinema como dispositivos de formação. Considerando a educação como campo relacional, investiga a relação educativa professor/a - aluno/a, o adoecimento e o mal-estar docente, especialmente de mulheres-professoras. Investiga a relação com o saber, com o conhecimento e com a diferença em crianças, adolescentes e docentes. Concluiu o Pós-doutorado na PUC-MG em 2017, com o tema "Educação Inclusiva: Perspectivas e desafios da política inclusiva em MG", sob supervisão de Amaury Carlos Ferreira e concluiu o pós-doutorado vinculado à Faculdade de Educação - UFMG, por meio do edital PNPD - CAPES 2018-2019, com o tema "Princípios e dispositivos teórico-metodológicos para a formação docente e subjetividade", sob supervisão de Marcelo Ricardo Pereira. Integra a pesquisa internacional "Atenção a sujeitos com problemáticas sociais: ação educativa, intervenção clínica e trabalho social - Brasil, França e Argentina, por meio da Rede Universitária Internacional de Pesquisa em Psicanálise e Educação - RUEPSY.

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Publicado

29/04/2022

Como Citar

Barbosa Nunes, A. M., & Diniz, M. . (2022). Políticas de ações afirmativas e seus limites frente à branquitude no Ensino Superior. Educação Em Foco, 25(45), 157–181. https://doi.org/10.36704/eef.v25i45.5582