A Ação da inquisição lusa no Brasil Colonial
os cristãos-novos da Beira presos na Bahia entre séculos XVII e XVIII
Palavras-chave:
Inquisição, Cristãos-novos, BahiaResumo
Este artigo tem como objetivo analisar a interferência direta da ação do Tribunal do Santo Ofício em todo o império ultramarino português na vida dos cristãos-novos acusados do crime de judaísmo nos séculos XVII e XVIII. Para isso, é preciso compreender a criação da categoria de cristão-novo em Portugal e o fortalecimento do preconceito e da exclusão desse grupo na sociedade ibérica. Dessa maneira, será possível alcançar os motivos mais latentes para a migração de parte dessa população em direção ao Brasil, a possessão mais importante do império, além de todo o mecanismo que possibilitou o trânsito entre Reino e Conquista. Ao longo do período de existência da Inquisição, a comunidade cristã-nova no Brasil principalmente, nos centros econômicos Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais, foi alvo de diferentes movimentos de perseguição. Com isso, muitos cristãos-novos beirões residentes na Bahia refazem o trajeto de volta a Portugal para o cárcere inquisitorial, um momento que interfere diretamente em suas vidas.
Referências
ALTMAN, Ida. Transatlantic Ties in the Spanish Empire. Brihuega, Spain and Puebla, Mexico, 1560-1620. Stanford: Stanford University Press, 2000.
ASSIS, Angelo Adriano Faria de. Macabeias da colônia: criptojudaísmo feminino na Bahia. São Paulo: Alameda. 2012.
CORDEIRO, Maria Tereza Gomes. “Mobilidades em contexto de fronteira: o caso dos cristãos-novos de Viseu (séculos XVI e XVII)”, in: POLÓNIA, Amelia; MANGAS, Francisco (orgs.). Mobilidades: olhares transdisciplinares sobre um conceito global, 2021, p. 272
DAVIS, Natalie Zemon. “Ghosts, kin, and progeny: some features of family life in early modern France”. Daedalus, Spring, 1977, vol. 106, nº2, The Family Spring, pp. 87-114.
FLORY, Rae Jean Dell. Bahian Society in the mid-colonial period: the sugar planters, tabbaco growers, merchantas, and artisans of Salvador and the Reconcavo, 1680-1725. Tese de Doutorado. Austin: Departamento de História/ University of Texas at Austin, 1978.
GINZBURG, Carlo. “O inquisidor como antropólogo” [1989] in: id. O fio e os rastros: Verdadeiro, falso, fictício (trad.) São Paulo: Companhia das Letras, 2007 [2006], pp. 280-310.
GORENSTEIN, Lina. O Criptojudaísmo Feminino no Rio de Janeiro (séculos XVII e XVIII). Projeto História, São Paulo, n. 37, 2008, pp. 115-138.
_____________________. “Marranas do Rio de Janeiro e a Inquisição (século XVIII)”. In: SILVA, Marco Antônio Nunes da; SEVERS, Suzana Maria de Sousa Santos Severs (orgs.). Estudos Inquisitoriais: história e historiografia. Cruz das Almas: UFRB, 2019, pp. 285-298.
GRAIZBORD, David. “Iberia and beyond: judeoconversos and the Iberian Inquisitions”. In: KARP, Jonathan; SUTCLIFFE, Adam (orgs.). The Cambridge History of Judaism volume VII: The Early Modern World, 1500-1815. Cambridge: Cambridge University Press, 2018, pp. 201-225.
LEVI, Giovanni. “Reflexões sobre família e parentela” in: VENDRAME, Maíra Ines; KARSBURG, Alexandre; WEBER, Beatriz; FARINATTI, Luis Augusto (orgs.). Micro-história, trajetórias e imigração. São Leopoldo: Oikos, 2015, pp. 12-29.
MARCOCCI, Giuseppe & PAIVA, José Pedro. História da Inquisição Portuguesa (1536-1821). Lisboa: Esfera dos Livros, 2013.
MEA, Elvira. “Inquisição e sociedade (séculos XVI-XVII)”. In: SILVA, Marco Antônio Nunes da; SEVERS, Suzana Maria de Sousa Santos (orgs.). Estudos Inquisitoriais: história e historiografia. Cruz das Almas: UFRB, 2019, p. 27-28.
NALON, Daniela Cristina. A fé e o fogo: trajetória, relapsia e herança imaterial do cristão-novo Félix Nunes de Miranda (1670-1731). Dissertação (Mestrado). Viçosa: Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania/ Universidade Federal de Viçosa, 2018.
NOVISNKY, Anita. “Os cristãos-novos no Brasil colonial: reflexões sobre a questão do marranismo”. Revista Tempo, Rio de Janeiro, nº 11, 2001, pp. 67-75.
ROWLAND, Robert. “Inquisição, intolerância e exclusão”. Ler História, n. 33, 1997, p. 9-22.
SAHLINS, Marshall. What kinship is and is not. Chicago: The University of Chicago Press, 2013.
SCHETINI JÚNIOR, Ademir. Cristãs-novas e criptojudaísmo na Bahia Setecentista. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.
_________________________. “A família cristã-nova Bernal Nunes de Miranda: entre fronteiras, religiosidade e a Inquisição na Bahia”, Política História e Sociedade, v. 20, n. 1, pp. 96-117, 2021.
SCHWARTZ, Stuart B. Cada um na sua Lei: tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. São Paulo: Companhia das Letras; Bauru; Edusc, 2009, pp. 288-291.
SIQUEIRA, Sônia. “A inquisição portuguesa e os confiscos”. Revista de História, [S. l.], v. 40, n. 82, pp. 323-340, 1970.
SOUZA, Laura de Mello. O diabo e a terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 128 e p. 390.
SOYER, François. The persecution of the Jews and Muslims of Portugal: King Manuel I and the endo f religious tolerance (1496-7). Leiden: Brill, 2007.
