História pública produzida pelo povo indígena Paiter Suruí

apresentação da etnia na rede social Instagram @paiter_surui

Resumo

A história do estado de Rondônia é marcada pelo avanço da colonização e da fronteira econômica. Neste cenário, os Paiter Suruí passaram a usar tecnologias de monitoramento para defender seu território e se apropriaram das redes sociais, que se tornaram grandes ferramentas de comunicação para o povo. Tendo em vista esse contexto, o objetivo deste artigo é analisar as produções do povo Paiter Suruí no Instagram @paiter_surui, a partir de uma contribuição para a história do próprio povo, buscando também dimensionar a relevância dessa produção da etnia na dinâmica sócio-histórica atual. Este trabalho pensa as publicações dos Paiter Suruí em seu perfil oficial no Instagram como uma forma de História Pública, uma construção que não é feita por profissionais, mas que possui um grande valor histórico. Nesse sentido, foram analisadas 21 postagens feitas sobre o Acampamento Terra Livre no perfil oficial dos Paiter Suruí no Instagram, entre os anos de 2021 e 2022, que permitiram o tensionamento dos conceitos de Autoridade Compartilhada (Frisch, 2016) e História Pública (Carvalho, 2016; Fagundes, 2017; Cauvin, 2019) com base na construção das postagens. Essas publicações mostraram que os Suruí cada vez mais vêm dominando as ferramentas criadas pelos não-indígenas a seu favor e que ocorre uma apropriação do mundo on-line, que serve como uma extensão do mundo off-line, na qual o grupo projeta aquilo que eles querem que mais pessoas tenham acesso e vejam. As redes sociais não conseguem captar exatamente aquilo que os Suruí vivenciam, mas servem como um intermediário entre eles e uma ampla audiência.