A voz e a letra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36704/pendes.v3i1.6958

Palavras-chave:

texto oral, oralidade, escrita, contador de histórias, poéticas da voz, tradições orais

Resumo

A transposição de um texto oral para a escrita envolve muitos desafios. É possível perceber que o texto escrito apresenta limitações para registrar uma narração oral, pois a escrita não é uma simples cifra do falado. Muitos elementos estéticos da performance de um contador de histórias (silêncios, ritmos da fala, linguagem gestual...) acabam não sendo capturados pela escrita. Quando tomamos publicações brasileiras dedicadas aos contos de tradição oral, observamos a presença de diferentes estratégias e modos de registro escrito, que podem promover apagamentos de elementos estéticos da narração oral ou podem inscrever no texto escrito aspectos poéticos da oralidade. Diante do desafio complexo de registrar a oralidade pela escrita, torna-se fundamental um exercício criativo com a linguagem, a fim de que a transposição do oral para o escrito se configure como uma tradução criativa e promova no texto escrito ressonâncias estéticas das expressões poéticas da voz.

Biografia do Autor

Josiley Francisco de Souza, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de Educação. Possui graduação em Letras pela UFMG (2000). É mestre em Literatura Brasileira, pela UFMG (2006) e doutor em Literatura Comparada, também pela UFMG (2012). Fez estágio de pós-doutorado no Instituto Caro y Cuervo, em Bogotá, na Colômbia (2018-2019). Desenvolve pesquisas com enfoque em expressões poéticas da voz e tradições orais. É contador de histórias e, além de se apresentar em eventos e espaços artísticos, ministra cursos e oficinas sobre a arte de narrar histórias. Tem experiência na área de Educação e Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: oralidade, literatura, performance, arte verbal oral, memória e educação indígena.

Referências

ALMEIDA, Maria Inês de; QUEIROZ, Sônia. Na captura da voz: as edições da narrativa oral no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica; FALE/UFMG, 2004.

ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1968.

CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. Trad. Ivo Barroso. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CAMPOS, Haroldo de. Deus e o diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981.

CASCUDO, Luis da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. 8. ed. São Paulo: Global, 2000.

EDUARDO, Otávio da Costa. Aspectos do folclore de uma comunidade rural. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 18, n. 144. nov/dez 1951, p. 11-60.

FINNEGAN, Ruth. Where is language? – an anthropolgist’s questions on language, literatura and performance. Londres: Bloomsbury Publishing, 2015.

JESUS, Maria Cecília de; ALVES, Maria das Dores. Histórias que a Cecília contava. Organização de Maria Selma de Carvalho, José Murilo de Carvalho e Ana Emília de Carvalho. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.

LAJOLO, Marisa. A figura do negro em Monteiro Lobato. Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/monteirolobato/outros/lobatonegros.pdf. Acesso em: 30 set. 2010.

LONGEVO, Eduardo (Adap.); NASCIMENTO, Denise (Ilustr.). O coelho e a onça: histórias brasileiras de origem africana. São Paulo: Paulinas, 2010.

LORD, Albert Bates. The singer of tales. 2. ed. Cambridge: Harvard University Press, 1960.

MAGALHÃES, Basílio. O folclore no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1960.

OLSON, David. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. Trad. Sérgio Bath. São Paulo: Editora Ática, 1997.

PARRY, Adam (ed.). Making of Homeric verse: the collected papers of Milman Parry. Nova Iorque: Oxford University Press, 1971.

PEREIRA, Vera Lúcia Felício. O artesão da memória no Vale do Jequitinhonha. Belo Horizonte: Editora UFMG; Editora PUC-Minas, 1996.

PIMENTEL, Altimar. Estórias de Luzia Teresa 3. Brasília: Thesaurus, 2001.

PIMENTEL, Altimar. Estórias de Luzia Teresa 2. Brasília: Thesaurus, 2001.

PIMENTEL, Altimar. Estórias de Luzia Tereza. Brasília: Thesaurus, 1995.

POVO XAKRIABÁ. Com os mais velhos. Belo Horizonte: FALE/UFMG; GSEEI/SECAD/MEC, 2005.

QUEIROZ, Sônia (Coord. Ed.). 7 Histórias de encanto e magia. Belo Horizonte: PROEX/UFMG, 1999.

QUEIROZ, Sônia (Coord. Ed.). No tempo em que os bichos falavam. Belo Horizonte: PROEX/UFMG/FINEP, 2009.

QUEIROZ, Sônia (Coord. Ed.). Quem conta um conto aumenta um ponto.

REGO, José Lins do. Histórias da velha Totônia. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

REGO, José Lins do. Menino do engenho. 80. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

ROMERO, Sílvio. Contos populares do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2009.

RONDELLI, Beth. O narrado e o vivido. Rio de Janeiro: FUNARTE-IBAC-Coordenação de Folclore e Cultura Popular, 1993.

SOUZA, Lenice Pinheiro de; ARAÚJO, Edilson Ferreira. Voltando do passado para o presente. Belo Horizonte: Saberes Indígenas na Escola/FaE/UFMG; SECADI/MEC, 2017.

TAVARES, Luiz Demétrio Juvenal. Serões da mãe preta: contos populares para as crianças. 2. ed. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

UFMG. FALE. Projeto Quem Conta um Conto Aumenta um Ponto. Narrativas orais no Vale do Jequitinhonha: catálogo do acervo de fitas cassetes e videofitas; acervo de transcrições. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2004.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. Trad. Jerusa Pires Ferreira, Maria Lúcia Diniz Pochat e Maria Inês de Almeida. São Paulo: Hucitec, 1997.

Downloads

Publicado

13/09/2023

Como Citar

Souza, J. F. de. (2023). A voz e a letra. Pensamentos Em Design, 3(1), 15–33. https://doi.org/10.36704/pendes.v3i1.6958

Edição

Seção

Artigo Completo