A voz e a letra
DOI:
https://doi.org/10.36704/pendes.v3i1.6958Palavras-chave:
texto oral, oralidade, escrita, contador de histórias, poéticas da voz, tradições oraisResumo
A transposição de um texto oral para a escrita envolve muitos desafios. É possível perceber que o texto escrito apresenta limitações para registrar uma narração oral, pois a escrita não é uma simples cifra do falado. Muitos elementos estéticos da performance de um contador de histórias (silêncios, ritmos da fala, linguagem gestual...) acabam não sendo capturados pela escrita. Quando tomamos publicações brasileiras dedicadas aos contos de tradição oral, observamos a presença de diferentes estratégias e modos de registro escrito, que podem promover apagamentos de elementos estéticos da narração oral ou podem inscrever no texto escrito aspectos poéticos da oralidade. Diante do desafio complexo de registrar a oralidade pela escrita, torna-se fundamental um exercício criativo com a linguagem, a fim de que a transposição do oral para o escrito se configure como uma tradução criativa e promova no texto escrito ressonâncias estéticas das expressões poéticas da voz.
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