Prevalência e variáveis associadas ao hábito de fumar em estudantes universitários
Resumo
O tabaco é a segunda droga mais consumida entre os jovens, no mundo e no Brasil. A dependência da
nicotina ocorre com o uso regular de tabaco, e adolescentes fumantes têm alta probabilidade de se tornarem adultos
fumantes. Dos cerca de 1,25 bilhões de fumantes no mundo, mais de 30 milhões são brasileiros. O fumo é responsável
por 90% dos casos de câncer de pulmão e está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos (boca,
laringe, pâncreas, rins e bexiga, além do pulmão, colo do útero e esôfago). Dos seis tipos de câncer com maior
índice de mortalidade no Brasil, metade (pulmão, colo de útero e esôfago) tem o cigarro como um de seus fatores
de risco. Esse trabalho faz parte da linha de pesquisa do grupo de “Nutrição, Saúde Humana e Políticas de Responsabilidade
Alimentar” e tem como objetivo identificar a prevalência do hábito de fumar e as variáveis associadas a
esse hábito em estudantes universitários de um município de médio porte localizado na região Sudoeste do Estado
de Minas Gerais. Dos 1320 alunos matriculados nos cursos superiores da FESP|UEMG pesquisados, 740 (55,8%)
são do sexo feminino e 586 (44,2%) são do sexo masculino. A idade dos participantes variou de 16 a 54 anos, com
média de 23,5 ± 6,0 anos. Do total de indivíduos pesquisados, 143 (10,8%) responderam que fazem uso do tabaco
regulamente. Quando se leva em conta o sexo dos usuários tem-se que 57 mulheres (7,7%) e 86 homens (14,7%)
responderam que fazem uso de tabaco regularmente. Quando questionados sobre a vontade de para de fumar 43
(50,0%) dos homens e 43 (75,4%) das mulheres responderam que sim. Está diferença é estatisticamente significativa
(P = 0,0226) com intervalo de confiança de 95%. A idade média de início do hábito de fumar foi de 16,5 ±
3,5 anos para as mulheres e de 16,1 ± 2,4 anos para os homens e aparentemente não contribui para as diferenças
observadas. A maioria entre os fumantes do sexo masculino (88,38%) e do sexo feminino (77,2%) estudam a noite
e também exercem trabalho remunerado – homens (74,42%) e mulheres (59,65%). Apesar de algumas pesquisas
apontarem que o início desse hábito, geralmente durante a adolescência, tem como principal motivo a imitação
dessa conduta dos amigos, a presença de tabagismo entre os pais está significativamente relacionado (P>0,0001).
Alguns estudos mostram que este comportamento pode facilitar o tabagismo nos filhos, tanto pelo exemplo de
comportamento quanto pela disponibilidade de cigarros no lar, facilitando o acesso do jovem ao cigarro, além
de fornecer precocemente estímulos bioquímicos diretos aos receptores nicotínicos dos filhos, adquiridos de maneira
hereditária. Portanto, os resultados do presente estudo fornecem diversas informações a cerca de variáveis
envolvidas na iniciação e manutenção do hábito tabagista entre estudantes universitários. Estes achados podem
instrumentar ações regionalizadas de prevenção e combate ao tabagismo, direcionadas à comunidade, à escola e à
família, tendo como alvo os adolescentes.
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