Redução da maioridade penal, práticas punitivas e sistema socieducativo: desafios ao trabalho do serviço social

Autores

Palavras-chave:

Maioridade penal. Adolescentes. Ato infracional. Direitos Humanos. Serviço Social.

Resumo

Esta análise aborda a questão da redução da maioridade penal e a regressão de direitos que representa frente aos princípios de direitos humanos que a legislação nacional está alinhada. Mostra que essa questão em muito manipulada pela mídia, e alguns segmentos conservadores ganha força frente a crescente violência existente na sociedade, sendo atribuído a esse grupo, conforme sua situação socioeconômica, raça/cor, gênero e local de moradia uma “culpabilização” e canalizados em uma forma equivocada de resolutividade da violência. Considera que sem uma análise da complexidade da questão e com uma cultura punitiva se criminaliza e desqualifica a população jovem, pobre, negra, moradora das periferias, urbanas e rurais atingida pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Aborda, ainda, a dura realidade da operacionalização das medidas socioeducativas estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nas unidades de privação de liberdade e os desafios postos aos profissionais de Serviço Social que atuam nestes espaços sócio ocupacionais.  

Biografia do Autor

Adriana Alice Gomes Barros, UEMG

Assistente Social. Doutora e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/Rio. Professora do Curso de Serviço Social, Departamento de Ciências Sociais Aplicadas/UEMG-Carangola. Coordenadora da Pesquisa Crianças, adolescentes, acolhimento institucional no Brasil e as particularidades das instituições de Carangola/MG (UEMG/CSS/CNPq). E-mail: adriana.barros@uemg.br.  

 

Ebe Campinha dos Santos, Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Assistente social graduada na UFRJ. Mestre e doutora em Serviço Social pela PUC-Rio, docente e pesquisadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Direitos Humanos, Infância, Juventude e Serviço Social NUDISS/UFF/CNPQ; Coordenadora da pesquisa Serviço Social  e Conselhos Gestores- ESS/UFF. Autora dos livros Direitos Humanos, representações no campo da Defesa dos Direitos infanto-juvenis no Rio de Janeiro (1999)  e Tráfico e gênero na trajetória de brasileiras no exterior(2016). Professora Adjunta da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense. Email: ebecamp@gmail.com

Referências

BRASIL. Câmara dos Deputados. Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171. Brasília, 1993.

_______. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Ed. Atlas, 1992.

_______. Lei nº. 8.069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990.

_______. Ministério dos Direitos Humanos. Levantamento Anual. Sinase, 2016. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos/Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente/Coordenação Geral do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, 2018.

COIMBRA, Cecília. Operação Rio: o mito das classes perigosas: um estudo sobre a violência urbana, a mídia impressa e os discursos de segurança pública. Rio de Janeiro: Oficina do Autor; Niterói: Intertexto, 2001.

FALEIROS, V.P.. Impunidade e Inimputabilidade. In: Serviço Social & Sociedade, Ano 24, n. 77-São Paulo, Cortez, 2004.

MELLO, Sílvia Leser de. A violência urbana e a exclusão dos jovens. In: SAWAIA, Bader (org.) As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

MINAYO, Maria Cecília. Violência contra crianças e adolescentes: questão social, questão de saúde In: Rev. Bras. Saúde Materno Infantil, v.1 nº2, Recife Maio/Agosto 2001.

MOREIRA, Celeste A.B.D. O Sistema Socioeducativo do Rio de Janeiro: uma análise sobre o encarceramento. XII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, 2007.

NETO, Otávio Cruz; MOREIRA, Marcelo Rasga. A concretização de políticas públicas em direção à prevenção da violência estrutural In: Ciênc. Saúde Coletiva, v.4 nº. 1, Rio de Janeiro, 1999.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Diretrizes das Nações Unidas para prevenção da delinquência juvenil (DIRETRIZES DE RIAD), 1990.

_______. Regras mínimas das Nações Unidas para a proteção de jovens privados de liberdade. 1990.

_______. Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude. (Regras de Beijing). Resolução 40/33 da Assembleia Geral, de 29 de novembro de 1985.

RIZZINI, Irene. O Século Perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil. Rio de Janeiro: Petrobrás-BR: Ministério da Cultura: USU Ed. Universitária: Amais, 1997.

RIZZINI, Irene; RIZZINI, Irma. A institucionalização de crianças no Brasil: percurso histórico e desafios do presente. Rio de Janeiro: PUC-Rio, São Paulo, Loyola, 2004.

TEJADAS, Silvia da Silva. Nota Técnica acerca da Atuação das/os Assistentes Sociais em Comissão e Avaliação Disciplinar conforme previsão do SINASE. CFESS, 2016.

UNICEF. A Convenção sobre os Direitos da Criança 1989. Brasília, DF, 1989.

WACQUANT, Loïc. Punir os Pobres. A nova gestão da Miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia, F. Bastos, 2001. Coleção Pensamento Criminológico.

WACQUANT, Loïc. Forjando o estado neoliberal: trabalho social, regime prisional e insegurança social. In: BATISTA, Vera Malaguti. Loïc Wacquant e a questão penal no capitalismo neoliberal. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

Downloads

Publicado

2021-09-01

Como Citar

Barros, A. A. G., & Campinha dos Santos, E. . (2021). Redução da maioridade penal, práticas punitivas e sistema socieducativo: desafios ao trabalho do serviço social . Serviço Social Em Debate, 4(1). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/serv-soc-debate/article/view/5732