A geração dos netos da guerra na Espanha

história, memória e conflito geracional

Autores

  • Victor Coelho Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Palavras-chave:

Espanha, conflito geracional, memória histórica, crise política, democracia

Resumo

O artigo visa a discutir a articulação entre a crise política recente e a disputa pela memória histórica na Espanha, destacando o uso conceito de geração dos netos da guerra. Tal como no Brasil, mas mais explicitamente, essa dimensão geracional se coloca como contestação do pacto transicional, envolvendo uma disputa pela memória histórica aliada a uma crítica dirigida à falência democrática do sistema político institucional. Primeiro, apresentamos o tema e os debates em torno da generación de los nietos. Depois, buscamos mostrar como a crise política e a dimensão geracional são potencializadas por uma crise estrutural, decorrente do neoliberalismo, que afeta sobretudo a juventude. Destacamos, ao final, a prática dos escraches, tornadas famosas na Argentina e, tal como lá, ocorridas no Brasil contra ex-agentes da ditadura e na Espanha contra políticos envolvidos nas medidas de austeridade econômica. Ao longo do artigo, dialogamos com conceitos relacionados à questão da geração elaborados por Karl Mannheim.

Referências

ABRÃO, Paulo e TORELLY, Marcelo D. As dimensões da Justiça de Transição no Brasil, a eficácia da Lei de Anistia e as alternativas para a verdade e a justiça. In: PRONER, Carol e ABRÃO, Paulo (coord.). Justiça de Transição – Reparação, Verdade e Justiça: perspectivas comparadas Brasil-Espanha. Belo Horizonte: Ed. Fórum, 2013, p. 235-269.

BBC. España y los “escraches”: ¿protesta legítima o acoso?, BBC News, 24 abr. 2013. https://www.bbc.com/mundo/noticias/2013/04/130424_espana_escrache_acoso_polemica. Acesso em 16 ago. 2021.

BRITO, Ana Paula. Escrachos aos torturadores da ditadura. Ressignificando os usos da memória. São Paulo: Expressão Popular, 2017.

CABRERA, Elena. “los nietos del franquismo ‘heredan’ inconscientemente el sufrimento de sus padres y de sus abuelos” [entrevista con Clara Valverde]. elDiario.es, 29 jun. 2014. Disponível em: https://www.eldiario.es/sociedad/transmision-generacional-violencia-politica-espana_1_4797500.html. Acesso em: 14 ago. 2021.

CEPÊDA, Vera Alves. Karl Mannheim e o desafio da compreensão sobre a mudança social. In: CEPÊDA, Vera A., MAZUCATO, Thiago e FONTANA, Felipe (orgs.). Interfaces da Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim. São Carlos: Ideais, Intelectuais e Instituições, UFSCAR, 2015, p. 9-30.

G1. Sigla ‘15M’ usada por manifestações no Brasil tem origem na Espanha. 15 mai. 2014. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/05/sigla-15m-usada-por-manifestacoes-no-brasil-tem-origem-na-espanha.html. Acesso em: 13 set. 2021.

GREPPI, Andrea. La demanda de memoria – transición, diálogo y democracia. In: PRONER, Carol e ABRÃO, Paulo (coord.). Justiça de Transição, op. cit., 2013 p. 51-69.

JULIÁ, Santos. De hijos a nietos: memoria e historia de la Guerra Civil en la transición y en la democracia. In: OLMOS, Ignacio Olmos y KEILHOLZ-RÜHLE, Nikky (eds.). La cultura de la memoria. La memoria histórica en España y Alemania. Madrid: Iberoamericana, 2009, p. 79-88.

MANNHEIM, Karl. “El problema de las generaciones”. Trad. Ignacio Sánchez de la Yncera, Revista Española de Investigaciones Sociológicas (REIS), n. 62, 1993, p. 193-242. Disponível em: https://reis.cis.es/REIS/PDF/REIS_062_12.pdf. Acesso em: 8 jun. 2022.

MAQUEDA, Paqui. El Movimiento Memorialista – de la fosa a la justicia universal. In: PRONER, Carol e ABRÃO, Paulo (coord.). Justiça de Transição, op. cit., 2013, p. 223-232.

MONEDERO, Juan Carlos. La Transición contada a nuestros padres. Sexta edición (actualizada) [primera edición: 2011]. Madrid: Los Libros de La Catarata, 2017, Ed. Kindle.

MOREIRA, Martha. Por uma agenda comum: Fórum Social Mundial 2012. IBASE, 4 de nov. 2011. Disponível em: https://ibase.br/2011/11/04/por-uma-agenda-comum-forum-social-mundial-2012/noticias/. Acesso em: 22 de jun. 2022.

MORUNO, Jorge. ¡10,100,1000 escraches!. La revuelta de las neuronas. Público, 23 mar. 2013. Disponível em: https://blogs.publico.es/jorge-moruno/2013/03/23/101001000-escraches/. Acesso em: 29 jun. 2022.

_________. No tengo tiempo. Geografías de la precariedad. Prólogo: Raimundo Viejo. Madrid: Ediciones Akal, 2018. Ed. Kindle.

NOBRE, Marcos. Choque de democracia. Companhia das Letras, 2013. E-book Kindle.

PERES, João. Escracho, uma maneira de mostrar que a ditadura tem rosto – e vida. Rede Brasil Atual. 8 de abr. de 2012. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2012/04/escracho-uma-maneira-de-mostrar-que-a-ditadura-tem-rosto-2013-e-vida/. Acesso em: 20 mai. 2022.

PETERSEN, Anne Helen. Não aguento mais não aguentar mais. Como os Millennials se tornaram a geração do burnout. Trad. Giu Alonso. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2012.

ROBLEDO, Ricardo. El giro ideológico en la historia contemporánea española: “Tanto o más culpables fueron las izquierdas”. DEHE. Artículos del Departamento de Economía e Historia Económica, 2015, p. 303-338. Disponível em: http://hdl.handle.net/10366/125717. Acesso em: 10 jun. 2022.

SCHAVELZON, Salvador (2015). A formação do Podemos. América do Sul, populismo pós-colonial e hegemonia flexível. Tradução: Mateus Yuri Passos. Novos Estudos Cebrap, nov., p. 33-57. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/8WjDYDZKWgS8gytW6SVdRvR/?lang=pt. Acesso em: 10 fev. 2020.

SOUSA, Janice Tirelli P. de. Apresentação do dossiê: A sociedade vista pelas gerações. Política & Sociedade. Revista de Sociologia Política, v. 5, n. 8, 2006, p. 09-29. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/1802. Acesso em: 15 jun. 2022.

TAPIA, Alberto Reig. Cultura política y vía pacífica a la democracia. El miedo y el olvido en la transición española. In: OLMOS, Ignacio Olmos y KEILHOLZ-RÜHLE, Nikky (eds.). La cultura de la memoria. La memoria histórica en España y Alemania. Madrid: Iberoamericana, 2009, p. 107-127.

TELES, Edson. O abismo da história: ensaios sobre o Brasil em tempos de Comissão da Verdade. São Paulo: Alameda, 2018.

VALVERDE, Clara. Desenterrar las palabras. Transmisión generacional del trauma generacional de la violencia política del siglo XX en el Estado español. Madrid: Icaria, 2014.

VELA GARCÍA, Fidel. “La generación de los nietos desprecian la Transición”. elPeriódico.com, 13 dez. 2016. Disponível em: https://www.elperiodico.com/es/entre-todos/participacion/generacion-nietos-desprecian-transicion-107539. Acesso em: 14 ago. 2021.

Downloads

Publicado

2023-04-18

Como Citar

Coelho, V. (2023). A geração dos netos da guerra na Espanha : história, memória e conflito geracional. Revista Histórias Públicas, 1(1), 76–99. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/historiaspublicas/article/view/6862

Edição

Seção

Dossiê Ditadura e Autoritarismo: necropolítica, negacionismo, arquivos e usos do passado