Os arquivos e a pesquisa histórica

Autores

  • Ana Maria de Almeida Camargo Universidade de São Paulo (USP)

Palavras-chave:

Arquivos, Pesquisa Histórica, Documentos, Big-Data, Teoria da História

Resumo

É interesse deste artigo analisar a questão da importância dos arquivos no trabalho do historiador e as particularidades da relação deste com os arquivistas. Proponho discutir a questão desde as perspectivas e os estudos mais recentes, bem como dos novos paradigmas informacionais e tecnológicos que emergem no contexto do ensino e da pesquisa histórica. Com efeito, há inúmeras maneiras de traduzir o processo de conhecimento, e uma delas é estabelecer as relações de desconfiança e estranhamento com aquilo que enxergamos a olho nu. Para o historiador, isso significa realizar a crítica das fontes de pesquisa, pois é a partir do trabalho com os documentos e a produção de provas que o estatuto científico da escrita histórica vem sendo debatido e reafirmado. Isso
tem sido possível, à medida que o empirismo, espécie de contrapeso à retórica pósmodernista e à desvalorização da crítica documental, ganha força entre os praticantes do ofício de historiador.

Referências

ACCÈS aux archives et vie privée. Actes de la Vingt-Troisième Conférence Internacionale de la Table Ronde des Archives: Austin, 1985. Paris, Conseil Internacional des Archives, 1987.

ASSOCIAÇÃO dos Arquivistas Holandeses. Manual de arranjo e descrição de documentos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1960. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/media/manual_dos_arquivistas.pdf.

BENSUSSAN, Agnès; DAKOWSKA, Dorota & BEAUPRÉ, Nicolas. Les enjeux des archives des polices politiques communistes en Allemagne et em Pologne: essai de comparaison. In: Genèses. Paris, no. 52, p.04-32, 2003.

BERRY, David M.; FAGERJORD, Anders. Digital humanities: knowledge and critique in a digital age. Cambridge: Polity Press, 2017.

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador [1942]. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2001.

BLOUIN JR., Francis X.; ROSENBERG, William G. Processing the past: contesting authority in history and the archives. New York: Oxford University Press, 2011.

BRAIBANT, Charles. Le «grenier de l’histoire» et l’arsenal de l’administration: introduction aux cours des stages d’archives de l’Hôtel de Rohan. Paris: Imprimerie Nationale, 1957.

CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Sobre o valor histórico dos documentos. Revista do arquivo do município de Rio Claro: Rio Claro, n.1, p. 11- 17, 2003.

_____ . Os arquivos e o acesso à verdade. In: SANTOS, Cecília MacDowell; TELES, Edson; TELES, Janaína de Almeida (org.). Desarquivando a ditadura: memória e justiça no Brasil, v. II, p. 424-443. São Paulo: Hucitec, 2009.

_____ . Historiadores e arquivistas: um diálogo possível. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, no. 48, Vol.1, p. 23- 26, 2018a.

____ . Sobre Arquivos, Big Data e Pesquisa Histórica. In: Revista Pluri: Número Zero: Percursos. São Paulo, Vol.1, no. 1, p. 289-292, jul./dez. 2018b.

CARUCCI, Paola. Le fonti archivistiche: ordenamento e conservazione. Roma, La Nuova Italia Scientifica, 1989 (Beni Culturali, 10).

CERTEAU, Michel de. L’écriture de l’histoire. Paris, 1975.

CHABIN, Marie-Anne. Je pense, donc j'archive, Paris, L'Harmattan, 1999.

COOK, Terry. Arquivos pessoais e arquivos institucionais: para um entendimento arquivístico comum da formação da memória em um mundo pós-moderno. Revista Estudos Históricos, v. 11, n. 21, p. 129-150, 1998.

DAVIES, Stephen. Empiricism and history. London: Palgrave Macmillan, 2003.

DELMAS, Bruno. Les nouvelles archives: problèmes de définitions. In Les nouvelles archives. Formation et collecte. In: Actes du XXVIIIe Congrès National des Archives Français. Paris: Archives Nationales, 1987, p.178-183.

DERRIDA, Jacques. Mal de archivo: una impresión freudiana. Trad. Paco Vidarte. Madrid: Trotta, 1997 (Estructuras y Procesos, Filosofía).

DURANTI, Luciana. The Archival Bond. In: Archives and Museum Informatics. The Netherlands, vol.11, p.213-8, 1997.

EASTWOOD, Terry. Nailing a little jelly to the wall of archival studies. In: Archivaria, Ottawa, no.35, p.232-52, 1993.

FABRE, Daniel. L’ethnologue et ses sources. Terrain - Anthropologie & Sciences Humaines, Paris, n. 30, p. 3-12, mar. 1988.

FEBVRE, Lucien. Combats pour l’histoire. Paris: Librairie Armand Colin, 1992 [1953].

FRAENKEL, Béatrice. La signature: genèse d’un signe. Paris: Gallimard, 1992.

FUSTEL DE COULANGES, Numa-Denis. La Cité Antique. Étude sur Le Culte, Le Droit, Les Institutions de la Grèce et de Rome. Cambridge: Cambridge University Press, 2009 [1866].

GINZBURG, Carlo. Il giudice e lo storico. Considerazioni in margine al processo Sofri. Turim, Einaudi, 1991.

GULDI, Jo; ARMITAGE, David. The History manifesto. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

GONZÁLEZ QUINTANA, Antonio. Los archivos de la seguridade del Estado de los desaparecidos regímenes repressivos. Paris, Unesco/Conseil International des Archives, 1995.

HAZAN, Pierre. Juger la guerre, juger l’histoire. Paris, Presses Universitaires de France, 2007.

JACOB, C. La mémoire graphique en Grèce ancienne. Traverses, 36, 1986, p. 61-66.

JENKINSON, Hilary. A Manual of Archive Administration: Including the Problems of War Archives and Archive Making. Oxford: Clarendon Press, 1922.

KOZINE, Y. Technologies actuelles de mémorisation informatique à long terme. In: Les nouvelles archives. Formation et collecte. Actes du XXVIIIe Congrès National des Archives Français. Paris: Archives Nationales, 1987, p. 125-129.

LANGLOIS, Charles-V. & SEIGNOBOS, Charles. Introduction aux études historiques. Paris, 1898.

LAURAIRE, Richard. De nouveaux savoir-faire des archivistes?. In: HOTTIN, Christian; VOISENAT, Claudie. Le tournant patrimonial: mutations contemporaines des métiers du patrimoine. Paris: Éditions de la Maison des Sciences de l’Homme, 2016, p. 141-158. (Ethnologie de la France, 29).

LEFRANC, Sandrine. La justice transitionnelle n’est pas um concept. In: Mouvements. Paris, no. 53, p.61-9, 2008.

LODOLINI, Elio. El problema fundamental de la Archivística: la naturaleza y la ordenación del archivo. Irargi, 1 (1), 27-61, 1988. Disponível em: http://eahahe.org/pdf/revista1.es.pdf.

LOWENTHAL, David. Past is a foreign country. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Edusp, 1980 [1929].

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A crise da memória, história e documento: reflexões para um tempo de transformações. In: SILVA, Zélia Lopes da (org.). Arquivos, patrimônio e memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: Unesp/Fapesp, 1999, p. 11- 29.

MENNE-HARITZ, Angelika. L’informatique aux archives: les expériences allemandes. In: BUCCI, Oddo (ed.). In: Archival Science on the Threshold of the Year 2000: Proceedings of the International Conference. Macerata, 3-8 September 1990. Ancona, University of Macerata, 1992, p.267-73.

MENNE-HARITZ, Angelika. Access: the reformulation of an archival paradigm. Archival Science, Dordrecht, v. 1, p. 57-82, 2001.

NESMITH, Tom. What’s history got to do with it?: reconsidering the place of historical knowledge in archival work. Archivaria, Ottawa, v. 57, p. 1-27, 2004.

OLIVEIRA, José de Alcântara Machado d´. Vida e morte do bandeirante. São Paulo: Empreza Gráphica da Revista dos Tribunaes, 1929.

PACZKOWSKI, Andrzej. Les archives de l’appareil de securité de la République Populaire de Pologne em tant que source. In: Genèses. Paris, no. 52, p.58-79, 2003.

PAVONE, Claudio.Problemi di metodo nell’inventariazione, catalogazione, preparazione di strumenti di corredo degli archivi per la storia contemporânea. In: Gli archivi per la storia contemporanea: seminario di studi, Mondovi, 1984, p. 149-154, 1986. Roma: Ministero per I Beni Culturali e Ambientali. (Publicazioni degli Archivi di Stato, Saggi, 7). Disponível em: http://www.archivi.beniculturali.it/pdf.php?file=Saggi/52fa2741e3922.pdf.

PIERRO, Bruno de. Uma estratégia para dados: pesquisadores são estimulados a gerenciar e compartilhar as informações científicas que produzem. In: Pesquisa Fapesp. São Paulo, n. 267, maio 2018.

POPPER, Karl. Conjectures and Refutations. London: Routledge, 1963.

POOLE, Alex H. Archival divides and foreign countries? Historians, archivists, information-seeking, and technology: retrospect and prospect. The American Archivist, Chicago, v. 78, n. 2, p. 375-433, 2015.

PROST, Antoine. Objectivité, vérité, preuve. In: Douze leçons sur l’histoire. Paris: Seuil, 1996, p. 288-293.

RÉMOND, René. L’histoire et la loi. In: Études. Paris, no.404, p.763-73, 2006.

TRELEANI, Matteo. Mémoires audiovisuelles: les archives en ligne ont-elles un sens? Montréal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2014 (Parcours Numériques).

VEYNE Paul. Comment on écrit l´histoire: essai d´epistémelogie. Paris, Éditions du Seuil, 1971 (Univers Historique).

Downloads

Publicado

2023-12-19

Como Citar

de Almeida Camargo, A. M. (2023). Os arquivos e a pesquisa histórica. Revista Histórias Públicas, 1(2), 22–47. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/historiaspublicas/article/view/8291

Edição

Seção

Dossiê Ditadura e Autoritarismo: necropolítica, negacionismo, arquivos e usos do passado - Parte II