Despir cadáveres – uma perspectiva arqueológica sobre a violência estatal
DOI:
https://doi.org/10.36704/rhp.v1i2.8292Palavras-chave:
Ditadura Militar Brasileira, Cidadania, Vestuário, Corpos Reprimidos, Violência de EstadoResumo
Este artigo explora o desaparecimento de corpos dentro da burocracia da morte na cidade de São Paulo, Brasil, focando na cumplicidade entre o aparato de repressão durante o período militar e as normas da administração pública, que visavam dar uma aparência de “legalidade” aos casos de desaparecimento forçado dentro das instituições estatais do país. Ao longo do trabalho se evidencia como a burocracia da morte despe os corpos e os despersonaliza, na qual a falta de cuidado com o registro dos detalhes tornase estratégia para negar identidade ao cadáver de uma pessoa classificada como uma vida que importa menos. Fazendo uso de relatórios de autópsias de corpos de pessoas não identificadas em São Paulo na década de 1970 como categoria analítica, demonstro que uma perspectiva arqueológica pode mostrar como um “estado de exceção” opera sobre tais indivíduos. Em particular, mostro como a presença ou a ausência de detalhes sobre o vestuário é um fator significativo na despersonalização dessas pessoas.
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