Livros cartoneros: feralidades latino-americanas

Authors

DOI:

https://doi.org/10.36704/pendes.v3i2.8667

Keywords:

feralidade, feralcartonera, antropoceno, design, livro

Abstract

Desde a aparição da primeira cartonera na Argentina, Eloisa Cartonera, muitos outros núcleos cartoneros se formaram e desapareceram no mundo, principalmente na América Latina. Os núcleos cartoneros, ao apresentarem outro modo de produzir rompendo com a lógica de produção capitalista do mercado editorial hegemônico, nos encaminha para uma outra forma de vida possibilitando o florescimento de outros mundos, construindo um espaço de comprometimento com outras vozes e histórias. A fim de compreender esse fenômeno, buscamos relacionar essa prática à ideia de fera, baseada na perspectiva do projeto Feral Atlas, desenvolvido pela antropóloga Anna Tsing. No projeto, o termo feral está relacionado aos eventos que emergiram por meio de projetos humanos, mas que não são controlados por eles. Desta forma, a feralidade cartonera estaria relacionada à resistência aos cânones editoriais modernos e à potência de contaminação e formação de novos núcleos criando outras epistemologias e visualidades. A proliferação de livros cartoneros pela América Latina acaba por criar uma identidade latino-americana.

Author Biographies

Carolina Noury da Silva Azevedo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Pesquisadora do Programa Nacional de Pós-doutorado da CAPES no PPDEsdi/UERJ vinculada ao Laboratório de Design e Antropologia (LaDA). Editora-chefe da revista Arcos Design. Doutora e mestre pelo mesmo Programa (PPDEsdi/UERJ). Atuou como professora assistente no curso de Comunicação Visual Design da Escola de Belas Artes da UFRJ (Eba/UFRJ) entre 2021 e 2023. Se interessa em pesquisar o universo cartonero como uma prática de design que possibilita a existência de outros mundos, outras narrativas e outras formas de projetar e viver.

Marina Sirito de Vives Carneiro , Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Graduada em Design pela PUC-Rio, mestre em Design pelo Programa de Pós-graduação em Design da Escola Superior de Desenho Industrial ESDI/UERJ e doutora pelo mesmo programa. Integra o Laboratório de Design e Antropologia (LaDA) com pesquisa voltada para a relação entre design, cultura popular e encantamento. Atua como professora assistente substituta no Departamento de Comunicação Visual – Design da EBA/UFRJ.

References

BELL, Lucy; FLYNN, Alex Ungprateeb; O’HARE, Patrick. Taking form, making worlds: cartonera publishers in Latin America. Austin: University of Texas Press, 2022.

BOUTANG, Yann Moulier. Revolução 2.0, comum e polinização. In: COCCO, Giuseppe; ALBAGLI, Sarita. Revolução 2.0 e a crise do capitalismo global. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.

CHIODI, Yama. Mapas para o Antropoceno: um guia de leitura para o Feral Atlas”. In: Revista ClimaCom, Epidemiologias, ano 7, n. 19, 2020. Disponível em: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/mapas-para-o-antropoceno/ Acesso em 2 jan. 2023.

DE CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano I: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

HARAWAY, Donna. Staying with the trouble: making kin in Chthulucene. Londres: Duke University Press, 2016.

HOW TO READ FERAL ATLAS. In: Feral Atlas, 2020. Disponível em: https://feralatlas.supdigital.org/?cd=true&bdtext=how-to-read-feral-atlas. Acesso em 4 jan. 2023.

INTRODUCTION TO FERAL ATLAS. In: Feral Atlas, 2020. Disponível em: https://feralatlas.supdigital.org/?cd=true&bdtext=introduction-to-feral-atlas. Acesso em 4 jan. 2023.

NOURY, Carolina. A prática cartonera, uma expressão do comum. In: Anais do 10º CIDI | Congresso Internacional de Design da Informação. São Paulo: Blucher, 2021.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. A virada testemunhal e decolonial do saber histórico. Campinas: Editora da Unicamp, 2022.

SZANIECKI, Barbara; COCCO, Giuseppe. O making da metrópole: rios, ritmos e algoritmos. Rio de Janeiro: Rio Books, 2021.

TSING, Anna. O Antropoceno mais que humano. Ilha – Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 23, n. 1, p. 176-191, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/75732 Acesso em 2 jan. 2023.

VILHENA, Flavia Braga Krauss de. O acontecimento Eloísa Cartonera: memória e identificações. 2016. Tese (Doutorado em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

VIVEIRO DE CASTRO, Eduardo. Os involuntários da pátria: elogio do subdesenvolvimento. Chão da Feira, série intempestiva, caderno n.65. Disponível em: https://chaodafeira.com/catalogo/caderno65/. Acesso em 10 mai. 2023.

Published

2024-05-03

How to Cite

NOURY DA SILVA AZEVEDO, Carolina; SIRITO DE VIVES CARNEIRO , Marina. Livros cartoneros: feralidades latino-americanas. Pensamentos em Design, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 92–104, 2024. DOI: 10.36704/pendes.v3i2.8667. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/pensemdes/article/view/8667. Acesso em: 21 nov. 2024.

Issue

Section

Dossiê temático