LITERATURA SURDA E ENSINO DE LIBRAS COMO L2

PROCESSO DE RECEPÇÃO LITERÁRIA DA OBRA “A TRANSFORMAÇÃO DO GIRINEU - O GIRINO SURDO

Autores

  • Simoni Tedesco Univesidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
  • Carlos Antonio Jacinto Univesidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Palavras-chave:

Literatura Surda; Recepção literária; Práticas Pedagógicas.

Resumo

Reconhecendo a Literatura Surda enquanto artefato vivo de representação dos Surdos, objetivamos analisar o processo de recepção de uma produção literária infanto-juvenil intitulada “A transformação do Girineu – o girino Surdo”. A partir de um estudo de abordagem qualitativa (Gibbs, 2009), estruturado como relato de experiência analítico (Gil, 2002), refletimos sobre as escolhas criativas da proposta pedagógica e a recepção da obra, apresentada a discentes ouvintes aprendizes de Libras como segunda língua. Nesse processo, observou-se a necessidade de criação de um glossário para contextualizar os sinais que seriam empregados na contação, considerando que o público era iniciante no aprendizado da Libras e necessita de diferentes suportes pedagógicos para que a contação fosse compreendida de forma significativa. Ainda, a obra foi apresentada por meio da estratégia “varal ilustrado”, a qual, através de imagens previamente selecionadas e sinais chaves, possibilitou a contação da história em Libras e ilustração do ciclo de vida dos sapos. Constatamos, como resultado, que a obra prezou pela representação do Surdo enquanto sujeito histórico e que as escolhas metodológicas, prezando pelo auxílio de recursos concretos, foram importantes para a significação dos estudantes. Esses recursos provocaram a compreensão do uso dos sinais em contexto ao longo da contação de histórias e, dessa forma, podem ser considerados ricos suportes pedagógicos para o ensino da Libras e para o trabalho com a Literatura Surda.

Biografia do Autor

Simoni Tedesco, Univesidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Muher negra, de pela clara, cabelos cacheados e castanhos, na altura dos ombros, olhos castanhos, possui aproximadamento 1,74 metros, e é natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Discente do curso de Licenciatura em Letras-Libras e mestranda em Educação, pela UFJF. Graduada em Pedagogia (2010) e em Gastronomia pelo Centro Universitário Academia - UniAcademia(2014); especialista em Gestão Pedagógica: Supervisão/ Inspeção pela Faculdade Estácio de Sá (2011), em História da África pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2016), especialização em Práticas de Letramento e Alfabetização pela Universidade Federal de São João Del-Rei (2019), em Educação Financeira Escolar e Educação Matemática pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2018) e em Educação Inclusiva em Contextos Escolares pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2019). Atualmente é professora no Núcleo de Deficiência Visual do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE Oeste/Sudeste), do município de Juiz de Fora - MG. 

Carlos Antonio Jacinto , Univesidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Graduado em Letras - Português/Espanhol pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e em Letras-Libras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE);  especialista em Libras (FAVENI) e em Práticas Pedagógicas pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES); mestre em Letras, na área de Estudos Linguísticos (UFV); e doutorando pelo Programa Interdisciplinar de Linguística Aplicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente atua como docente na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no curso de Licenciatura em Letras-Libras. E-mail: carlos.antonio@ufjf.br

Referências

BRASIL. Diário Oficial da União. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências, 2002.

BRASIL. Diário Oficial da União. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o Art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 02 de 01 de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília, DF, 2015.

CAMPOS, A. F. A formação do leitor através do método recepcional. In: Cadernos de Ensino e Pesquisa da FAPA - n. 2 - 2º Sem, Porto Alegre, 2006.

CANDIDO, A. et al. O direito à literatura. Vários escritos, v. 3, p. 235-263, 1995.

FARIA, M. A. Como usar a literatura infantil na sala de aula. Editora Contexto, 6ª ed, 2021.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

ISER, W. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético, vol. 2. Tradução de Hohannes Kretschmer-São Paulo: Ed.34, 1999.

KARNOPP, L. B. Produções culturais de surdos: análise da literatura surda. Cadernos de Educação, FaE/PPGE/UFPel. Pelotas [36]: 155 - 174, maio/agosto 2010.

KARNOPP, L. B. Literatura Surda. Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.98-109, jun. 2006.

KARNOPP, L. Literatura Surda. Texto base da disciplina de Literatura Surda, UFSC: Florianópolis, 2008.

LOPES, R. M.; SILVA FILHO, M. V.; ALVES, N. G. Aprendizagem baseada em problemas: fundamentos para a aplicação no ensino médio e na formação de professores. Rio de Janeiro: Publiki, v. 198, 2019.

MARIANI, R. Libras - A construção e a divulgação dos conceitos científicos sobre o ensino de Ciências e Biotecnologia: integração Internacional de um dicionário científico online. 2014. Tese. (Doutorado em Ciências e Biotecnologia) - Universidade Federal Fluminense, Niterói. 2014.

MOURÃO, C. H. N. Literatura Surda: produções culturais de surdos em Língua de Sinais. Porto Alegre, 2011.

MOURÃO, C. H. N. Adaptação e tradução em literatura surda: a produção cultural surda em língua de sinais. IX ANPED Sul. Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012.

MOURÃO, C. H. N. Literatura Surda: experiência das mãos literárias, 2016. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Paraná- UFPR.

QUADROS, R. M. O ‘BI’em bilinguismo na educação de surdos. In: FERNANDES, E. Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, v. 1, p. 27-38, 2012.

REYES, M. L. Literatura, sociedad y crítica. Monteagudo: Revista de literatura española, hispanoamericana y teoría de la literatura, n. 60, p. 35-37, 1978.

RODRIGUES, E. L. O. S.; PIRES, S. A. F. O método recepcional e a formação de leitores de poesia. Curitiba: Secretaria da Educação, p. 2487-8, 2008.

SILVA, C. A. A. Entre a deficiência e a cultura: análise etnográfica de atividades missionárias com surdos. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

SOUSA, A. N. et al. Quadro de referência da Libras como L2. Fórum Linguístico, v. 17, n. 4, 2020.

SUTTON-SPENCE, R. Literatura em Libras [livro eletrônico]. 1ª ed. Petrópolis, RJ: Editora Arara Azul, 2021.

STROBEL, K. O olhar do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008.

TONANI, P. Eu sou surda, tenho a minha voz: leituras sobre autoria feminina surda. Revista Criação & Crítica, n. 28, p. 254-274, 2020.

ZANETTI NETO, G. Tendências Pedagógicas. Apostila digital. Vitória: IFES-Cefor, 2021.

ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2003.

ZAPPONE, M. H. Y. A leitura de poesia na escola. In: MENEGASSI, R. J. (Org.). Leitura e ensino. Maringá: EDUEM, 2005.

ZILBERMAN, R. Estética da recepção e história da literatura. Editora Ática. 3ª ed., 2015.

Downloads

Publicado

2024-07-30

Como Citar

Tedesco, S., & Jacinto , C. A. (2024). LITERATURA SURDA E ENSINO DE LIBRAS COMO L2: PROCESSO DE RECEPÇÃO LITERÁRIA DA OBRA “A TRANSFORMAÇÃO DO GIRINEU - O GIRINO SURDO. Revista SCIAS Língua De Sinais, 3(1). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sciasls/article/view/8637