PROTEÇÃO TEM COR: PROBLEMATIZANDO O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NEGROS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36704/ssd.v5i1.6236

Palavras-chave:

Proteção. Racismo. Acolhimento institucional. Crianças. Adolescentes.

Resumo

Este artigo analisa aspectos históricos e contemporâneos do acolhimento institucional como forma de proteção de crianças e adolescentes. Com base nas análises da institucionalização do período pós escravização ao pós promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, as autoras problematizam como o discurso de proteção colabora de maneira perversa para o silenciamento, fragilização e rompimentos de vínculos de famílias pobres e negras, em sua maioria. As autoras observam que, ainda hoje, o conceito de proteção é utilizado de modo diferenciado quando se trata de crianças de cor/raça negra. Valendo-se da desqualificação dessas famílias, produzem-se subjetividades vulneráveis e passíveis de intervenções. O artigo conclui que a atual política de acolhimento institucional reflete uma continuidade, daquelas com caráter racista, higienista e de controle, adotadas desde o início do século XX.

Biografia do Autor

Lilian Angélica da Silva Souza, ÚNESA

Doutora em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ/Universidade de Coimbra/Portugal. Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Michelle Villaça Lino, Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Políticas Públicas e Formação Humana/UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Psicóloga no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

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Publicado

2022-07-15

Como Citar

Angélica da Silva Souza, L., & Villaça Lino, M. (2022). PROTEÇÃO TEM COR: PROBLEMATIZANDO O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NEGROS. Serviço Social Em Debate, 5(1). https://doi.org/10.36704/ssd.v5i1.6236