Mudando os termos da conversa: questões decoloniais na produção de materiais didáticos para o Ensino de Alemão

Autores

  • Dorthe Uphoff Universidade de São Paulo - USP
  • Poliana Coeli Costa Arantes Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ

Palavras-chave:

pensamento decolonial; ensino de alemão; produção de materiais didáticos

Resumo

No presente artigo buscamos apresentar projeto de elaboração de material didático para o ensino de alemão desenvolvido pelo grupo de pesquisa „Zeitgeist“ a partir de perspectiva decolonial. Apresentamos discussão a respeito de referenciais teóricos sobre a decolonialidade, inscrevendo sua conceituação no ensino de línguas em contexto universitário, intentando responder a „como“ possibilitar reflexões decoloniais em sala de aula através da produção de materiais didáticos mais situados e socialmente engajados. A partir desse direcionamento, examinamos diretrizes comumente balizadoras do ensino-aprendizagem de língua alemã, em especial o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, e propomos uma avaliação crítica de seus descritores para o âmbito acadêmico brasileiro. Exemplificamos nossas análises com observações sobre os critérios que norteiam a seleção de textos para o projeto editorial “Zeitgeist”.

Referências

ALTENHOFEN, Cléo V.; STEFFEN, Joachim; THUN, Harald. Cartas de imigrantes de fala alemã: pontes de papel dos hunsriqueanos no Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2018.

ANDRADE E SILVA, Mariana. Autenticidade de materiais e ensino de línguas estrangeiras. Pandaemonium Germanicum, v. 20, n. 31, p. 1-29, 2017.

ARANTES, Poliana. C.C. Imagens de aprendizes de ALE em livros diáticos e o disciplinamento dos saberes. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 21, n. 34, p. 1-30, 2018.

ARANTES, Poliana, C.C.; GIORGI, Maria Cristina. Linguística no Ensino de Alemão como Língua Estrangeira: análise da questão étnico-racial e suas dimensões políticas no Livro Didático. In: DEUSDARA, Bruno; ROCHA, Décio; RODRIGUES, Isabel; ARANTES, Poliana; PESSOA, Morgana. Em discurso: cenas possíveis. Rio de Janeiro: Cartolina, 2018, p. 85-104.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89-117, 2013.

BALTAR, Paula. A teoria crítica sob o olhar da decolonialidade. Tensões Mundiais, v. 16, n. 31, p. 21-47, 2020.

BORELLI, Julma Dalva Vilarinho Pereira; SILVESTRE, Viviane Pires Viana; PESSOA, Rosane Rocha. Towards a Decolonial Language Teacher Education. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 20, n. 2, p. 301-324, 2020.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Decolonizar la universidad. La hybris del punto cero y el diálogo de saberes. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. El giro descolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007, p. 79-92.

DEUSDARA, Bruno.; ROCHA, Décio.; ARANTES, Poliana C.C.. Cartografar variedades de língua: código de linguagem e posicionamento. Caligrama: Revista de Estudos Românicos, v. 21, p. 49-67, 2016.

DUBOC, Ana Paula Martinez. Atitude decolonial na universidade e na escola: por uma educação outra. In: MASTRELLA-DE-ANDRADE, Mariana Rosa (org.). (De)colonialidades na relação escola-universidade para a formação de professoras(es) de línguas. Campinas: Pontes, 2020, p. 151-177.

EUROPARAT. Gemeinsamer europäischer Referenzrahmen für Sprachen: lernen, lehren, beurteilen. Berlim: Langenscheidt, 2001.

GRILLI, Marina. Por uma educação linguística translíngue e decolonial: questões para o ensino de alemão. Revista Iniciação & Formação Docente, v. 7, n. 4, p. 904-930, 2020.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1990 [1989].

KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

MIGNOLO, Walter. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul, v. 1, n. 1, p. 12-32, 2017.

NUNES, Elaine Roschel; LORKE, Franziska. O problema da adequação dos parâmetros do Quadro Europeu Comum de Referência e “a necessidade de emergir como os outros de nós mesmos”. Revista X, v. 2, n. 1, p. 40-60, 2011.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y Modernidad/Racionalidad. Perú Indígena, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: Colección Sur-Sur, 2000, p. 122–151. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100708034410/lander.pdf (02.05.2022).

PUH, Milan. “Deixe-me te enquadrar”: orientações e parâmetros na formação e atuação de professores de alemão. Projekt, n. 60, p. 32-38, 2021.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.

SCHWARZ, Yves et al. A linguagem em trabalho. In: SCHWARZ, Yves; DERRIVE, Louis (orgs.). Trabalho & Ergologia: conversas sobre a atividade humana. 2ed. Niterói: EdUFF, 2010, p.131-148.

UPHOFF, Dörthe. O caráter institucional do uso do livro didático no ensino de língua estrangeira. Revista Intercâmbio, n. 17, p. 131-141, 2008. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/intercambio/article/view/3579/2340 (04.05.2022).

UPHOFF, Dörthe. O poder do livro didático e a posição do professor no ensino de alemão como língua estrangeira. Tese de doutorado. Campinas: Unicamp, 2009.

UPHOFF, Dörthe. O lugar da política linguística na formação inicial de professores de alemão. Revista Letras Raras,v. 8, n. 3, p. 112-130, 2019.

UPHOFF, Dörthe. DaF, DaZ, DaT, Língua Adicional: Wissensordnungen und Subjektpositionen in der Didaktik des Deutschen als Nicht-L1. Pandaemonium Germanicum, v. 24, n. 43, p. 38-65, 2021.

WALSH, Catherine. Shifting the geopolitics of critical knowledge. Decolonial thought and cultural studies ‚others‘ in the Andes. Cultural Studies, v. 21, n. 2-3, p. 224-239, 2007.

WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria. Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 12-42.

WALSH, Catherine. Decolonial pedagogies walking and asking. Notes to Paulo Freire from AbyaYala. International Journal of Lifelong Education, v. 34, n. 1, p. 9-21, 2015.

Downloads

Publicado

16-06-2023

Como Citar

Uphoff, D., & Arantes, P. C. C. (2023). Mudando os termos da conversa: questões decoloniais na produção de materiais didáticos para o Ensino de Alemão. Revista Interdisciplinar Sulear, 15, 40–56. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sulear/article/view/6594