INVESTIGAÇÃO NA COZINHA

Autores

  • Daniel Moreira de Faria Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Nilma Soares da Silva Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.36704/sulear.v5i13.7485

Palavras-chave:

Ensino de Ciências por Investigação, Equipamentos culinários, Formação Inicial

Resumo

Esse artigo aborda a elaboração, desenvolvimento e análise de uma disciplina optativa para um curso de licenciatura em Química que teve aulas planejadas para que os futuros docentes pudessem, vivenciar atividades investigativas. Assim, procurou-se aproximar os estudantes de graduação de um tipo de fazer docente o qual considera abordagens de ensino e de aprendizagem que não sejam centradas no professor, mas sim nos estudantes. Foi realizada uma pesquisa aplicada com intervenção. Nesse tipo de pesquisa a fonte direta de dados é o ambiente natural e o pesquisador configura-se no principal instrumento de aquisição de dados e a opção pelo tema culinária foi feita com o enfoque investigativo. Identificamos que os estudantes tiveram oportunidade de vivenciar a comunicação verbal, as notas escritas que envolviam as considerações acerca da investigação desenvolvida e das perguntas de socialização constantes no roteiro semiestruturado, além do gestual praticado durante o posicionamento defendido na produção de explicações para o princípio de funcionamento de cada um dos equipamentos. Quanto às características tipificadoras de uma investigação científica em âmbito escolar, observamos que todas as atividades investigativas (aparelho de micro-ondas, fritadeira elétrica, panela de pressão e canhão de pipoca) apresentaram um problema a ser solucionado. Esses, por sua vez, se mostraram adequados ao público-alvo (formação inicial docente) já que, em sua maioria, motivou os estudantes na busca pela solução. Além disso, os estudantes tiveram que acionar a consulta de dados, informações e conhecimentos prévios sobre o assunto para levantar e testar hipóteses. Somado a isso, durante a atividade os estudantes reconheceram variáveis, estabeleceram relações de causa e consequência, contaram com a participação de pessoas distintas para construir uma explicação cientificamente adequada para o funcionamento do aparelho. Por sua vez, a questão da linguagem desenvolvida nas interações durante as atividades investigativas apresentavam sinais de raciocínio científico em decorrência do problema proposto. Acreditamos que oportunizar experiências dentro da abordagem investigativa durante o curso de formação inicial pode reforçar, mesmo que implicitamente, características: 1. da natureza da Ciência acessíveis aos estudantes (tal como a construção de hipóteses a partir da imaginação ou da criatividade do cientista); 2. de uma visão não deformada do fazer científico (tal como a visão individualista/elitista).

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Publicado

12-05-2023

Como Citar

Moreira de Faria , D., & Soares da Silva, N. (2023). INVESTIGAÇÃO NA COZINHA. Revista Interdisciplinar Sulear, 5(13), 51–77. https://doi.org/10.36704/sulear.v5i13.7485

Edição

Seção

Artigos