“Na minha escola não tem racismo”

o uso da Pedagogia da Carta no processo de formação de professores para a efetivação da Lei n.º 10.639/03

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i1.9440

Palavras-chave:

Pedagogia da Carta, Mito da democracia racial, Formação de Professores, Lei n.º 10.639/03

Resumo

 Este artigo, baseado nas experiências dos autores no campo da formação de professores para a reeducação das relações étnico-raciais, apresenta e discute desafios e possibilidades da implementação da lei 10.639/03 no ensino básico no Brasil. Ao identificar a força do mito da democracia racial no imaginário coletivo brasileiro e, em especial, entre educadores responsáveis por construir práticas pedagógicas antirracistas e emancipatórias, os autores/formadores lançam mão da Pedagogia da Carta como instrumento de sensibilização e conscientização. Inspirada em Paulo Freire, bell hooks e Muniz Sodré, por meio da escrita de correspondências, almeja-se promover uma “metodologia conscientizadora” (Freire, 2022, p. 134), capaz de contribuir na desconstrução do mito da democracia racial e, como consequência, abrir caminhos para a efetivação da Lei n.º 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira em instituições públicas e privadas de ensino.

 

Biografia do Autor

Rodrigo Ednilson de Jesus, Universidade Federal de Minas Gerais

Sociólogo. Professor Adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais

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Publicado

2025-07-31

Como Citar

Santos, L. D., & de Jesus, R. E. (2025). “Na minha escola não tem racismo”: o uso da Pedagogia da Carta no processo de formação de professores para a efetivação da Lei n.º 10.639/03. SCIAS. Direitos Humanos E Educação, 8(1), 196–214. https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i1.9440