Políticas da memória entre becos e vielas
as sobrevidas no pós-escravidão
DOI:
https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i1.9477Palavras-chave:
colonialismo, escrita literária, historiografiaResumo
O cenário filosófico, científico e educacional que nos atravessa é influenciado diretamente pela construção da modernidade europeia. Com as primeiras digressões modernas determinando uma linha de valores que moldaram uma noção de ser humano. Diante disso, podemos pensar que as narrativas escolhidas para compor um livro literário, por exemplo, só têm sentido se expressarem o desejo e o anseio do colonialista. Até mesmo o cenário estereotipado pelo imaginário colonial perpassa por essa ânsia. Nessa linha de invenção pensamos, neste artigo, em estabelecer como a construção de paradigmas europeus fundamentou uma imagem do que seja humano, provocando, assim, a negação de outras humanidades. Essa negação, e esse é o nosso argumento, resulta na presença histórica da escravidão transatlântica, que, ao contrário de outros sistemas escravocratas, objetificou o outro. A partir de uma abordagem teórico-analítica, dividimos o texto em duas seções: a primeira, fundamentada em Saidiya Hartman, discute como o indizível constitui a política dos arquivos sobre a ocultação das memórias das pessoas subalternizadas; a segunda se dedica à obra de Conceição Evaristo, especialmente Becos da Memória, para exemplificar como a literatura negra feminista pode operar como um local de memória viva e projetora de vozes.
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