“E eu não sou uma criança?”
por uma educação infantil contra-adultocêntrica e contracolonial
DOI:
https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i1.9655Palavras-chave:
Educação Infantil, Infâncias Negras, Contracolonial, Adultocentrismo, Relações Étnico-RaciaisResumo
O artigo objetiva contribuir com os debates da pedagogia da infância, partindo da crítica às desigualdades enfrentadas pelas crianças negras no Brasil, diante de uma sociedade estruturada pela colonialidade e pelo adultocentrismo. A metodologia segue uma perspectiva ensaística alinhada aos estudos contracoloniais e emancipatórios das infâncias, baseada em uma ético-ontoepistemologia ativista. Em diálogo com obras de autores/as que tensionam a matriz eurocêntrica da ciência hegemônica e os modelos universalistas das infâncias, aponta-se que o Estado brasileiro tem se mostrado historicamente em dívida com as crianças negro-periféricas e, mesmo no período pós-redemocratização, há um recrudescimento da violência endereçada a elas, com consequências notórias em seus itinerários formativos. Trata-se, por fim, de destacar como as práticas pedagógicas antirracistas na educação infantil são fundamentais para o enfrentamento da necropolítica e das necroinfâncias.
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