Quem tem medo da “nega maluca” e do “crioulo doido”?
a saúde mental estigmatizada de pessoas negras no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i2.9708Palavras-chave:
Saúde mental, Racismo estrutural, População negra, Estigma, Políticas públicasResumo
Este artigo teórico propõe uma análise crítica sobre a estigmatização da saúde mental da população negra no Brasil, a partir da articulação entre racismo estrutural, linguagem estigmatizante e desigualdades institucionais no cuidado psicossocial. A partir de uma abordagem qualitativa, discute-se como expressões populares como “crioulo doido” e “nega maluca” operam como dispositivos simbólicos que reforçam estereótipos de irracionalidade e periculosidade atribuídos à população negra. Analisa-se, ainda, a trajetória histórica da psiquiatria brasileira na produção e reprodução de discursos patologizantes, bem como as consequências do racismo institucional no diagnóstico, no tratamento e na experiência do sofrimento psíquico. O texto também realiza uma comparação com experiências internacionais, destacando os desafios comuns e as estratégias locais de enfrentamento nos Estados Unidos e no Reino Unido. Por fim, propõe-se a necessidade de implementar políticas públicas antirracistas que garantam o direito ao cuidado digno, equitativo e culturalmente sensível para a população negra.
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