COMO SOBREVIVER À QUENTURA?
Feminismos e estéticas contracoloniais em tempos distópicos
DOI:
https://doi.org/10.36704/eef.v28i54.8570Palavras-chave:
Documentários feitos por mulheres, Ecofeminismo, Educação, Feminismo, Justiça SocialResumo
Este artigo parte da constatação de que estamos vivendo um momento crítico, nomeado por especialistas de crise climática. A partir da metodologia do pensamento especulativo (HARAWAY, 2016), o texto faz uma breve genealogia do debate entre feminismos e consciência ambiental, articulando os debates e estéticas feministas antirracistas e anticoloniais, em curso no cinema, na academia e nas lutas feministas contemporâneas. Duas narrativas fílmicas, Quentura (CORRÊA, 2018) e Arpilleras (2017) foram mobilizadas para conduzirem as costuras entre os debates. Ao longo do artigo, argumentamos que o uso estético audiovisual de contação de histórias foi, e ainda é, um importante dispositivo feminista de crítica e enfrentamento da governamentalidade racial (ALMEIDA, 2019) e extrativista, que marcam as dinâmicas culturais neoliberais do mundo atual. Concluímos, portanto, que tais dinâmicas demandam a produção de contranarrativas e imaginários compatíveis com os valores ecosoficos-feministas de justiça social, racial e ambiental.
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