Três faces do ChatGPT

imaginários de uma máquina de linguagem

Autores

  • Juliana Michelli da Silva Oliveira Université du Québec à Montréal
  • Rodrigo de Almeida Siqueira Universidade de São Paulo
  • Rogério de Almeida Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.36704/sciaseducomtec.v5i2.7906

Palavras-chave:

ChatGPT, Inteligência Artificial, Antropologia do imaginário

Resumo

Com o objetivo de contribuir ao campo de estudos dos imaginários dos objetos técnicos, o presente artigo buscou mapear e problematizar as imagens condensadas no ChatGPT (Generative Pre-trained Transformer), modelo de linguagem da start-up OpenAI. Para isso, ancorado na perspectiva teórica da antropologia do imaginário, o estudo das imagens veiculadas pelo ChatGPT envolveu as seguintes estratégias metodológicas: o exame do contexto de produção do artefato; a análise do texto de lançamento do sistema e dos princípios que regem seu funcionamento; a realização de diálogos experimentais com o ChatGPT (denominados de DiEx); além de levantamento em literatura especializada. A partir disto, esta pesquisa exploratória identificou e caracterizou três faces que emergem do ChatGPT: científica, alucinatória e modulável pelo usuário. Por fim, propôs-se uma reflexão sobre as implicações das imagens consteladas pelo ChatGPT e a importância da diversificação dos imaginários na era da criatividade aumentada.

Biografia do Autor

Juliana Michelli da Silva Oliveira, Université du Québec à Montréal

Pesquisadora associada ao Centre de recherche sur le texte et l’imaginaire (Figura), Departamento de Estudos Literários da Université du Québec à Montréal (Canadá). Doutora em Educação pela USP, com estágio de pesquisa PDSE no Centre de recherche Imaginaire et Socio-Anthropologie da Université Grenoble Alpes (França). Atualmente é professora no Celacc da ECA-USP.

Rodrigo de Almeida Siqueira, Universidade de São Paulo

Cursou Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo (Poli-USP). Trabalha com tecnologias de inteligência artificial desde 1995. É sócio fundador da Inbot, onde realiza pesquisa e desenvolvimento de aplicações com inteligência artificial, incluindo sistemas de reconhecimento de linguagem natural, busca semântica, criação de chatbots, linguística computacional, visualização de dados e análise estatística de informações.

Rogério de Almeida, Universidade de São Paulo

Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Coordena o Lab_Arte (Laboratório Experimental de Arte-Educação & Cultura) e o GEIFEC (Grupo de Estudos sobre Itinerários de Formação em Educação e Cultura). Atualmente é Chefe do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação (EDA). É Editor Colaborador da Revista Machado de Assis em Linha e atuou como Editor da Revista Educação e Pesquisa (FEUSP) (2017-2021). Presidiu a Comissão de Cultura e Extensão da FEUSP (2016-2020) e foi Representante da Congregação no Conselho Universitário da USP (2018-2020). Bacharel em Letras (1997), Doutor em Educação (2005) e Livre-Docente em Cultura e Educação, todos os títulos pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutoramento na Universidade do Minho (2016). Trabalha com temas ligados a Cinema, Literatura, Filosofia da Educação e Imaginário.

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

Oliveira, J. M. da S., Siqueira, R. de A., & de Almeida, R. (2023). Três faces do ChatGPT: imaginários de uma máquina de linguagem. SCIAS - Educação, Comunicação E Tecnologia, 5(2), 104–123. https://doi.org/10.36704/sciaseducomtec.v5i2.7906