A invisibilidade do gênero no relatório psicossocial de adolescentes em MSE
Abstract
Diante dos 30 anos de promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) coloca-se em análise os avanços e retrocessos desta legislação no que tange às histórias de vidas de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa (MSE). Utiliza-se trechos de um relatório psicossocial de uma adolescente em cumprimento de MSE de 2012, em um centro socioeducativo feminino no Pará, tensionando através do método genealógico foucaultiano, se a elaboração de documentos nas MSE’s opera como um dispositivo disciplinar, desconsiderando marcadores de gênero, raça e classe e se atuam como dispositivos que aniquilam a heterogeneidade dessas vidas. Propõe-se a problematização dos tradicionais elementos de análise presentes no ECA, a qual salienta-se a urgência do gênero como fator de análise e que as histórias dessas adolescentes sejam narradas por elas próprias.Riferimenti bibliografici
ADICHIE, C.N. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 02 jun. 2020.
______. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Levantamento anual sinase. Brasília: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 2019.
______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesso em: 02 jun. 2020.
______. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília: CONANDA, 2006.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
CRENSHAW, K. A Interseccionalidade na discriminação de raça e gênero. In: VVAA, Cruzamento: raça e gênero. Brasília: UNIFEM, p. 7-16, 2004.
______. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação em racial relativos ao gênero. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, Jan. 2002. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2002000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 jun. 2020.
DONZELOT, J. A polícia das famílias. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
FOUCAULT, M. A vida dos homens infames. In: Motta, M. B. da (org.) Estratégia, poder-saber. (Coleção Ditos & Escritos Volume IV). 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
______. Sobre a prisão. In: Microfísica do poder. 25. ed. São Paulo: Graal, 2012a.
______. Vigiar e punir: a história da violência nas prisões. Trad. Raquel Ramalhete. 40. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012b.
______. A genealogia e o poder. In: Microfísica do poder. 25. ed. São Paulo: Graal, 2012c.
KILOMBA, G. Descolonizando conhecimento: Performando conhecimento. 2016. Disponível em < https://amara.org/en/videos/VjPrL00t3BqT/pt-br/1378876/> Acesso em: 22 Jun. 2020.
LAQUEUR, T. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos até Freud. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2001.
LAURETIS, T. A tecnologia do gênero. In. Hollanda, Heloísa Buarque. Tendências e Impasses – O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, p. 2016 – 242, 1984.
NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectivas, 2016.
NASCIMENTO, M. L. (Org.) Pivetes: a produção de infâncias desiguais. Niterói: Intertexto, 2002.
NASCIMENTO, M. L.; COIMBRA, C. M. B. Ser joven, ser pobre significa ser peligroso? Jovenes, Revista de Estúdios sobre Juventud, México, v. 22, n. Ano 9, p. 46-57, 2005.
PASSETTI, E. Crianças carentes e políticas públicas. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, p. 347-375, 2010.
PINAFI, T. et al. Tecnologias de gênero e as lógicas de aprisionamento. Bagoas, Revista de Estudos Gays, v.5, n. 06, p. 267-282, 2011.
ROSA, E.M.; JÚNIOR, H.R.; RANGEL, P.C. O adolescente: a lei e o ato infracional. Vitória, ES: EDUFES, 2007.
RIBEIRO, D. Pequeno manual anti-racista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
RIZZINI, I.; PILOTTI, F. (Org.). A Arte de Governar Crianças. A história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
SCHEINVAR, E. O feitiço da política pública: escola, sociedade civil e direitos da criança e do adolescente. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.
TELLES, V.S. Direitos sociais: afinal do que se trata? 2. reimp. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006.
ZAFFARONI, E. R.; PIERANGELI, J. H. Manual de Direito Penal Brasileiro, volume 1: Parte Geral. 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.