CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA VEGETAÇÃO DO PICO DO CALÇADO MIRIM, PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ MG/ES

Autores

  • Jaquelina Alves Nunes Faria UEMG CARANGOLA

Resumo

Os campos de altitude estão inseridos no complexo ”mares de morros” e em elevadas altitudes no sudeste brasileiro. São formados por espécies de ervas e arbustos que se encontram distribuídas em estratos gramíneos contínuos. O objetivo foi avaliar e caracterizar a estrutura da vegetação no Pico do Calçado Mirim, Parque Nacional do Caparaó MG/ES. Para tanto, foi utilizado o método de parcelas. Estrutura da comunidade foi avaliada pela escala de valor de cobertura e abundância proposta por Braun-Blanquet, assim como os parâmetros fitossociológicos. Foi calculado o índice de diversidade de Shannon e a equabilidade de Pielou. As espécies que apresentaram os maiores valores de importância e que caracterizam a fitofisionomia da vegetação foram: uma espécie não identificada da família Poaceae, seguidas por Eryngium elegans Cham. & Schldl., Baccharis opuntioides Mart., Baccharis dubia Deble & Oliveira e Gaylussacia caparoensis Sleumer, já que a cobertura vegetacional da família Poaceae é significativa em ambientes de formações vegetais abertas, sendo determinada aqui pelo alto Valor de Cobertura da espécie mais importante (9,88). A diversidade foi de 2,65 e equabilidade de 0,91, valores considerados importantes quando comparados com estudos em áreas semelhantes. Os campos de altitude apresentam um tipo de vegetação relictual endêmica e microendêmica o que reflete no isolamento dessas comunidades. O Pico do Calçado Mirim apresenta flora peculiar, importante riqueza e alta diversidade e de espécies. Embora os campos de altitude sejam frequentes nas paisagens do sudeste brasileiro, estudos são escassos e a descrição dessa vegetação contribui substancialmente para preenchimento dessa lacuna

Referências

Barros, D.A. Campos de altitude sob interferência da mineração de bauxita no Planalto de Poços de Caldas, MG. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, 2014.

BRASIL. Resolução cONaMa nº 423, de 12 de abril de 2010. Dispõe sobre parâmetros básicos para identificação e análise da vegetação primária e dos estágios sucessionais da vegetação secundária nos Campos de Altitude associados ou abrangidos pela Mata Atlântica. Brasília, 2010. Disponível em: . Acesso em: 08 fev. 2018.

Braun-Blanquet, J. Fitossociologia. Bases para el estudio de las comunidades vegetales. Ed. Blume. Madrid. 1979.

Campos, P.V.; Villa, P.M.; Nunes, J.A.N, Schaefer, C.E.G.R.; Porembski,S.; Neri, A.V. Plant diversity and community structure of Brazilian Páramos. Journal of Mountain Sciece. 15(6): 1186-1198. 2018.

Conceição, A.A. & Giulietti, A.M. 2002. Composição florística e aspectos estruturais de campo rupestre em dois platôs do Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 29: 37-48.

Conceição, A.A.; Giulietti, A.M. &Meirelles, S.T. Ilhas de vegetação em afloramentos de quartzito-arenito no Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Acta bot. bras. 21(2): 335-347. 2007.

Conceição, A. A.; Pirani, J. R. 2005. “Delimitação de habitats em campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia: Substrato, composição florística e aspectos estruturais”. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 23: 85-111.

Conceição, A.A. & Pirani, J.R. 2007. Diversidade em quatro áreas de campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil: espécies distintas, mas riquezas similares. Rodriguésia 58:193-206.

Conceição, A.A.; Giulietti, A.M. & Meirelles, S.T. 2007a. Ilhas de vegetação em afloramentos de quartzito-arenito no Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica 21: 335-347.

Conceição, A.A.; Pirani, J.R. & Meirelles, S.T. 2007b. Floristics, structure and soil of insular vegetation in four quartzite-sandstone outcrops of “Chapada Diamantina”, Northeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30: 641-656.

Cosenza, B.A.P.; Meira, J.A.A.; Tinti, B.V. & Viana, C.G. Revisão do plano de manejo do Parque Nacional do Caparaó. Caracterização da vegetação. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) / MRS Estudos Ambientais. (Brasília). 93p. 2007.

Forzza, R.C.; Costa, A.F.; Leme, E.M.C.; Versieux, L.M.; Wanderley, M.G.L.; Louzada, R.B.; Monteiro, R.F.; Judice, D.M.; Fernandez, E.P.; Borges, R.A.X.; Penedo, T.S.A.; Monteiro, N.P. & Moraes, M.A. 2013. Bromeliaceae. In: Martinelli, G. & Moraes, M.A. Livro vermelho da flora do Brasil. Andrea Jakobsson & Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. 315-397.

Giulietti, A.M.; Pirani, J.R.; Harley, R.M. 1997. Espinhaço Range Region, Eastern Brazil. In: Davis, S. D.; Heywood, V. H., Herrera Macbryde, O.;Villa-Lobos, J.; Hamilton, A.C. Centres of plant diversity. A guide and strategy for their conservation. v.3. The Americas (eds.). IUCN Publication Unity. Cambridge. pp.397-404.

Gomes, A.S. & Ferreira, A.S. Análise de Dados Ecológicos. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Biologia, Centro de Estudos Gerais, Departamento de Biologia Marinha. Niterói – RJ, 2004.

Harley, R.M. 1995. Introduction. In: Stannard, B.L. (ed.). Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 1-42.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/noticias/pontos_culminantes_brasileiros.html (acessado em 15/02/2018).

ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Plano de Manejo do Parque Nacional do Caparaó. 537p. 2015.

Jacobi, C.M.; Carmo, F.C.; Vincent, R.C. & Stehmann, J.R. 2007. Plant communities on ironstone outcrops: a diverse and endangered Brazilian ecosystem. Biodiversity and Conservation 16: 2185-2200.

Kent, M. Vegetation Description and Data Analysis: A practical Approach. 2nd Ed.Wiley-Blackwell.414p. 2012.

Leão, T.C.C.; Fonseca, C.R.; Peres, C.A. & Tabarelli, M. Predicting Extinction Risk of Brazilian Atlantic Forest Angiosperms.Conservation Biology. Article first published online: 25 MAR 2014. DOI:10.1111/cobi.12286. 2014.

Magurran, A.E. Measuring biological diversity.Blackwell Science, Oxford, U.K. 2004.

Martinelli, G. Montain Biodiversity in Brasil. Acta Bot. Bras. v. 30 n. 4 p. 457-597. 2007.

Meirelles, S.T.; Pivello, V.R. & Joly, C.A. The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro, Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation 26(1): 10-20. 1999.

Messias, M.C.T.B.; Leite, M.G.P.; Meira-Neto, J.A.A. & Kozovits, A.R. 2011. Life-form spectra of quartzite and itabirite rocky outcrops sites, Minas Gerais, Brazil. Biota Neotropica 11: 255-268.

Mocochinski, A.Y. & Scheer, M.B. Campos de Altitude na Serra do Mar Paranaense: Aspectos Florísticos. Floresta, Curitiba, PR, v. 38, n. 4, p. 625-640, out./dez. 2008.

Munhoz, C.B.R. & Felfili, J.M. Florística do estrato herbáceo-subarbustivo de um campo limpo úmido em Brasília, Brasil. Biota Neotropica, Vol.7 (number 3): 2007; p. 205-215. 2008.

MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, London, v. 403, p. 853-858, feb. 2000.

Neri, A.V.; Borges, G.R.A.; Neto, J.A.A.M.; Magnago, L.F.S.; Trotter,I.M.; Schaefer,C.E. G. R. & Porembski, S. Soil and altitude drives diversity and functioning of Brazilian Páramos (Campo de Altitude). Journal of Plant Ecology Advance Access published August 31, 2016.

Nunes, J.A.; Schaefer, C.E.G.R.; Ferreira-Junior, W.G.; Neri, A.V.; Correa, G.R.; Enright, N.J. 2015. Soil-vegetation relationships on a banded ironstone „island‟, Carajás Plateau, Brazilian Eastern Amazonia. Anais da Academia Brasileira de Ciências 9:114.

Oliveira-Filho, A.T.; Budke, J.C.; Jarenkow, J.A.; Eisenlohr, P.V. & Neves, D.R.M. 2013. Delving into the variations in tree species composition and richness across South American subtropical Atlantic and Pampean forests. Journal of Plant Ecology (online first) http://www.dx.doi. org/10.1093/jpe/rtt058 (access on Fev 2018).

Pessanha, A.S.; Menini Neto, L.; Forzza, R.C. & Nascimento, M.T. Composition and conservation of Orchidaceae on an inselberg in the Brazilian Atlantic Forest and floristic relationships with areas of Eastern Brazil . Rev. Biol. Trop. 62 (2): 829-841. 2014.

Pielou, E.C. Ecological diversity. New York, Willey. 165 pp. 1975.

Porembski, S. Tropical inselbergs: habitats types, adaptive strategies and diversity patterns. Rev. Bras. Bot. 30:579-586. 2007.

Rebellato, L. & Nunes da Cunha, C. Efeito do fluxo sazonal mínimo da inundação sobre a composição e estrutura de um campo inundável no Pantanal de Poconé, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19(4): 789-799. 2005.

Safford, H. D. Brazilian Páramos I. Na introduction to th ephysical environment and vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography, Oxford, v.26, p. 693-712, 1999a.

Safford, H. D. 1999. Brazilian Páramos I. An Introduction to the physical environment and vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography 26: 693-712.

Scheer, M.B. & Mocochinski, A.Y. Upper montane grassland structure within six subranges ofSerra do Mar, Southern Brazil. Hoehnea 43(3): 401-435, 2016.

Tinti, B.V.; Schaefer, C.E.R.G.; Nunes, J.A.; Rodrigues, A.C.; Fialho, I.F. & Neri, A.V. Plant diversity on granite/gneiss rock outcrop at Pedra do Pato, Serra do Brigadeiro State Park, Brazil. Check List 11(5): 1780. 2015.

Thuiller, W.; Richardson, D.M.; Pyšek, P.; Midgley, G.F.; Hughes, G. & Rouget, M. 2005. Niche-based modelling as a tool for predicting the risk of alien plant invasions at a global scale. Global Change Biology, 11: 2234-2250.

Veloso, H.P. Sistema fitogeográfico. In Manuel técnico da vegetação brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro. p. 9-38. 1992.

Downloads

Publicado

2019-02-28

Como Citar

Faria, J. A. N. (2019). CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA VEGETAÇÃO DO PICO DO CALÇADO MIRIM, PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ MG/ES. SAPIENS - Revista De divulgação Científica, 1(1). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/3426

Edição

Seção

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE