Um Um Panorama Sobre a Biologia da Conservação e as Ameaças à Biodiversidade Brasileira

Autores

  • Renan Costa Universidade do Estado de Minas Gerais
  • Rodrigo de Mello Universidade Estadual de Maringá

Palavras-chave:

meio ambiente, ameaças antrópicas, políticas públicas

Resumo

A Biologia da Conservação é uma ciência multidisciplinar classificada como “ciência de crise”. Devido aos índices alarmantes de declínios populacionais, extinções de espécies e/ou colapso de ecossistemas observados globalmente, a maioria dos países concorda que é urgente tomar decisões em prol da conservação da biodiversidade. O Brasil, antes considerado um modelo e uma potência ambiental, tem figurado entre os poucos países liderados por negacionistas que se excluem de responsabilidades ambientais e de acordos internacionais. Além disso, o atual governo ataca a ciência em diferentes frentes, promove um significativo desmanche da legislação e fiscalização ambiental e contribui diretamente com a acelerada destruição e degradação de hábitats naturais. Neste contexto, apresentamos aqui um breve panorama sobre a Biologia da Conservação e discutimos sobre diferentes fatores que ameaçam a biodiversidade brasileira e que contribuem com a perda de espécies, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano. 

Referências

ABESSA, D.; FAMÁ, A; BURUAEM, L. The systematic dismantling of Brazilian environmental laws risks losses on all fronts. Nature Ecology & Evolution, v. 3, p. 510–511, 2019.

ANDRADE, F. S.; HAGA, I. A.; LYRA, M. L.; DE CARVALHO, T. R.; HADDAD, C. F. B.; GIARETTA, A. A.; TOLEDO, L. F. Reassessment of the taxonomic status of Pseudopaludicola parnaiba (Anura, Leptodactylidae, Leiuperinae), with the description of a new cryptic species from the Brazilian Cerrado. European Journal of Taxonomy, v. 679, p. 1–36, 2020.

BARNOSKY, D. A.; MATZKE, N.; TOMIYA S., WOGAN G. O. U.; SWARTZ, B., QUENTAL T. B.; MARSHALL, C.; McGUIRE, J. L.; LINDSEY E. L.; MAGUIRE, K. C.; MERSEY, B. FERRER, E. A. Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived? Nature, v. 471, p. 51–57, 2011.

BATEMAN, I. J.; MACE, G. M.; FEZZI, C.; ATKINSON, G.; TURNER, K. Economic Analysis for Ecosystem Service Assessments. Environmental and Resource Economics v. 48, p. 177–218, 2011.

BOMBARDI, L. M. Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia. São Paulo: FFLCH – USP, 2017.

BROWN, J. H.; LOMOLINO, M. V. Biogeography. 2. ed. Massachusetts: Sinauer Associates, 1998.

BUTCHART, S. H. M.; WALPOLE, M.; COLLEN, B.; STRIEN, A. V.; SHARLEMANN, J. P. W.; ALMOND, R. E. A.; BAILLIE, J. E. M.; BOMBARD, B.; BROWN, C.; BRUNO, J.; CARPENTER, K. E.; CARR, G. M.; CHANSON, J.; CHENERY, A. M.; CSIRKE, J.; DAVIDSON, N. C.; DENTENER, F.; FOSTER, M.; GALLI, A.; GALLOWAY, J. N.; GENOVESI, P.; GREGORY, R. D.; HOCKINGS, M.; KAPOS, V.; LAMARQUE J. F.; LEVERINGTON, F.; LOH, J.; McGEOCH, M. A.; McRAE, L.; MINASYAN, A.; MORCILLO, M. H.; OLDFIELD, T. E. E.; PAULY, D.; QUADER, S.; REVENGA, C.; SAUER, J. R.; SKOLNIK, B.; SPEAR, D.; STANWELL-SMITH, D.; STUART, S. N.; SYMES, A.; TIERNEY, M.; TYRREL, T. D.; VIÉ, J. C.; WATSON, R. Global Biodiversity: indicators of recent declines. Science, v. 328, p. 1164–1168, 2010.

CAIN, M. L.; BOWMAN, W. D.; HACKER, S. D. Ecologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

CARNEIRO, F. F.; AUGUSTO, L. G. S.; RIGOTTO, R. M.; FRIEDRICH, K.; BÚRIGO, A. C. Dossiê ABRASCO: Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos. São Paulo: Expressão Popular: São Paulo, 2015.

CEBALLOS, G.; EHRLICH P.R.; RAVEN, P. H. Vertebrates on the brink as indicators of biological annihilation and the sixth mass extinction. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 117, n. 24, p. 13596-13602, 2020.

CONVENÇÃO SOBRE A DIVERSIDADE BIOLÓGICA. Artigo 2: Use of terms. Organização das Nações Unidas, 1992.

CORLETT, R. T.; PRIMACK, R. B.; DEVICTOR, V.; MASS, B.; GOSWAMI, V. R.; KOH, L. P.; REGAN, T. J.; LOYOLA, R.; PAKEMAN, R. J.; CUMMING, G. S.; PIDGEON, A.; ROTH, R. Impacts of the coronavirus pandemic on biodiversity conservation. Biological Conservation, v. 246, p. 1 - 4, 2020.

CULLEN JR., L.; VALLADARES-PÁDUA, C. B.; RUDRAN, R. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 2 ed. Curitiba: Editora UFPR, 2012.

DE GROOT, R. S.; WILSON, M. A.; BOUMANS, R. M. J. A typology for the classification, description and valuation of ecosystem functions, goods and services. Ecological Economics, v. 41, p. 393-408, 2002.

DIAS, I. R.; NOVAES-E-FAGUNDES, G.; NETO, A. M.; ZINA, J.; GARCIA, C.; RECODER, R. S.; DAL VECHIO, F.; RODRIGUES, M. T.; SOLÉ, M. A new large canopy-dwelling species of Phyllodytes Wagler, 1930 (Anura, Hylidae) from the Atlantic Forest of the state of Bahia, northeastern Brazil. PeerJ v. 8, p. 1–27, 2020.

DIRZO, R.; YOUNG, H. S.; GALETTI, M.; CEBALLOS, G.; ISAAC, N. J. B., COLLEN, B. Defaunation in the Anthropocene. Science, v. 345, p. 401–406, 2014.

FEARNSIDE, P. M. Desmonte da Legislação AmbientalBrasileira. In: WEISS, J. S. (org). 2019. Movimentos Socioambientais: Lutas - Avanços - Conquistas - Retrocessos - Esperanças. 1 ed. Formosa: Xapuri Socioambiental, 2019.

FERREIRA, J.; ARAGÃO, L. E. O. C.; BARLOW, J.; BARRETO, P.; BERENGUER, E.; BUSTAMANTE, M.; GARDNER, T. A.; LEES, A. C.; LIMA, A.; LOUZADA, J.; PARDINI, R.; PARRY, L.; PERES, C. A.; POMPEU, P. S.; TABARELLI, M.; ZUANON, J. Brazil's environmental leadership at risk. Science, v. 346, n. 6210, p. 706-707, 2014.

HARARI, Y. N. Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015.

HARDIN, G. The tragedy of the commons. Science, v. 162, n. 3859, p. 1243-1248, 1968.

HRW (Human Rights Watch). Rainforest Mafias: How Violence and Impunity Fuel Deforestation in Brazil’s Amazon. New York: HRW, 2019.

IUCN 2020. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2020-1. Disponível em: <https://www.iucnredlist.org.> Acesso em: 10 de dezembro de 2020.

IUCN-CEM 2016. The IUCN Red List of Ecosystems. Version 2016-1. Disponível em: <http://iucnrle.org>. Acesso em: 10 de dezembro de 2020.

KOLBERT, E. The Sixth Extinction: an Unatural History. New York: Henry Holt & Company, 2014.

LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Quantas espécies há no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 36-42, 2005.

LEVIS, C.; FLORES, B. M.; MAZOCHINNI, G. G.; MANHÃES, A. P.; CAMPO-SILVA, J. V.; AMORIM, P. B.; PERONI, N.; HORITA, M.; CLEMENT, C. R. Help restore Brazil’s governance of globally important ecosystem services. Nature Ecology and Evolution, v.4, p. 172-173, 2020.

LOMOLINO, M. V. Conservation biogeography. In: LOMOLINO, M. V. & HEANEY, L. R. (Org). Frontiers of Biogeography: new directions in the geography of nature. Massachusetts: Sinauer Associates, 2004. p. 293–296.

LOWENBERG-NETO, P.; LOYOLA, R. Biogeografia da Conservação. In: CARVALHO, C. J. B., ALMEIDA, E. A. B. (Org). Biogeografia da América do Sul: análise do tempo, espaço e forma. 2 ed. São Paulo: Roca, p. 169-178, 2016.

MACE, G. M.; COLLAR, N. J.; GASTON, K. J.; HILTON-TAYLOR, C.; AKÇAKAYA, H. R.; LEADER-WILLIAMS, N.; MILNER-GULLAND, E. J.; STUART, S. N. Quantification of Extinction Risk: IUCN’s System for Classifying Threatened Species. Conservation Biology, v. 22, n. 6, p. 1424–1442, 2008.

MARTELLI, H.; MARTELLI, D. R.; SILVA, A. C. S.; OLIVEIRA, M. C. L.; OLIVEIRA, E. A. Brazil's endangered postgraduate system. Science, v. 363, n. 6424, p. 240-240, 2019.

MAY, R. M.; LAWTON, J. H.; STORK, N. E. Assessing extinction rates. Extinction rates, v. 1, p. 13-14, 1995.

MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and human well-being: a framework for assessment. Washington: Island Press, 2005.

MITTERMEIER, R. A. Megadiversity: Earth's biologically wealthiest nations. Ciudad Mexico: Agrupacion Sierra Madre, 1997.

MITTERMEIER, R. A.; FONSECA, G. A. B.; RYLANDS A. B.; BRANDON, K. Uma breve história da conservação da biodiversidade no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 14-21, 2005.

MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Portaria Nº 444, de 17 de dezembro de 2014, 2014.

MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. Portaria Nº 443, de 17 de dezembro de 2014, 2014.

MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Planos de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção. Instrução Normativa Nº 21 de 18 de dezembro de 2018, 2018.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; DA FONSECA, G. A.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853–858, 2000.

NORI, J.; LOYOLA, R.; VILLALOBOS, F. Priority areas for conservation of and research focused on terrestrial vertebrates. Conservation Biology, v. 34, n. 5, p. 1281 - 1291, 2020.

PIEVANI, T. The sixth mass extinction: Anthropocene and the human impact on biodiversity. Rendiconti Lincei, v.25, p. 85–93, 2014.

PIMM, S. L.; JONES, H. L.; DIAMONT, J. On the risk of extinction. American Naturalist, v. 132, p. 757-785, 1988.

PIMM, S. L.; JENKINS, C. N.; JOPPA, L. N.; ROBERTS, D. L.; RUSSEL, G. L. How Many Endangered Species Remain to Be Discovered in Brazil? Natureza e Conservação, v. 8, n. 1, p. 71-77, 2010.

PINTO, L. F. G.; FARIA, V. G.; SPAROVEK, G.;REYDON, B. P.; RAMOS, C. A.; SIQUEIRA, G. P.; GODAR, J.;GARDNER, T.; RAJÃO, R.; ALENCAR, A.; CARVALHO, T.; CERIGNONI, F.; GRANERO, I. M.; COUTO, M. Quem são os poucos donos das terras agrícolas no Brasil - o mapa da desigualdade. Sustentabilidade em Debate, n. 10, p. 1 – 21, 2020.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Editora Planta, 2001.

PURVIS, A.; GITTLEMAN, J. L.; COWLISHAW, G.; MACE, G. M. Predicting extinction risk in declining species. Proceedings of the Royal Society of London. B, v. 267, p. 1947-1952, 2000.

RAJÃO, R.; SOARES-FILHO, B.; NUNES, F.; BöRNER, J.; MACHADO, L.; ASSIS, D.; OLIVEIRA, A.; PINTO, L.; RIBEIRO, V.; RAUSCH, L.; GIBBS, H.; FIGUEIRA, D. The rotten apples of Brazil's agribusiness. Science, v. 369, n. 6501, p. 246-248, 2020.

REDFORD, K. H. The empty forest. Bioscience, v. 42, p. 412–422, 1992.

SOULÉ, M. E. What is Conservation Biology? BioScience, v. 35, p. 727-734, 1985.

SOULÉ, M. E. Viable populations for conservation. United Kingdom: Cambridge University Press, 1987.

TAUCCE, P. P. G.; NASCIMENTO, J. S.; TREVISAN, C. C.; LEITE, F. S. F.; SANTANA, D. J.; HADDAD, C. F. B.; NAPOLI, M. F. A new rupicolous species of the Pristimantis conspicillatus group (Anura: Brachycephaloidea: Craugastoridae) from central Bahia, Brazil. Journal of Herpetology, v. 54, p. 245–257, 2020.

VALLADARES-PÁDUA, C. B.; MARTINS, C. S.; RUDRAN, R. Manejo integrado de espécies ameaçadas. In: CULLEN JR., L.; VALLADARES-PADUA, C. B.; RUDRAN, R. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 2 ed. Curitiba: Editora UFPR, 2012.

WERNECK, F.; SORDI, F.; ARAÚJO, S.; ANGELO, C. “Passando a boiada”: o Segundo ano de demonte ambiental sob Jair Bolsonaro. Observatório do Clima, 2021.

WILLIAMS, J. C.; REVELLE, C. S.; LEVIN, S. A. Using mathematical optimization models to design nature reserves. Frontiers in Ecology and Environments, v. 2, p. 98-105, 2004.

Downloads

Publicado

2021-03-12

Como Citar

Costa, R., & de Mello, R. (2021). Um Um Panorama Sobre a Biologia da Conservação e as Ameaças à Biodiversidade Brasileira. SAPIENS - Revista De divulgação Científica, 2(2), 50–69. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5493

Edição

Seção

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE