Como (não) artificializar o uso da língua na escola: comparando os casos de duas turmas de alfabetização

Autores

  • Ana Caroline Almeida IFRJ - Instituto Federal do Rio de Janeiro (Campus Pinheiral)

Palavras-chave:

alfabetização; produção de textos; estudos de caso comparado;

Resumo

Considerando que, há décadas, orientações oficiais sinalizam para uma abordagem enunciativo-discursiva no ensino de língua materna, analisamos e comparamos eventos de alfabetização (ALMEIDA, 2020), com foco na produção de textos, em duas turmas de alfabetização. Para isso, lançamos mão de uma abordagem etnográfica e comparativa dos estudos de caso. Os eventos analisados mostram que, no caso da professora Florbela, os alunos eram incitados a escrever textos, individualmente, para serem avaliados quanto ao domínio da escrita alfabética, sem uma preocupação com as condições de produção (GERALDI, 1985; 1997); enquanto na turma da professora Hilda os alunos escreviam, quase sempre sob o controle da professora, exatamente para que as crianças não “errassem”, e estivessem, mais adiante, aptas a escrever textos, embora algumas condições de produção fossem evidenciadas, como o gênero a ser produzido. Concluímos que ainda é forte uma concepção estruturalista de língua, que não tem sido alterada pelos cursos de formação.

Referências

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Publicado

2021-09-30

Como Citar

Almeida, A. C. (2021). Como (não) artificializar o uso da língua na escola: comparando os casos de duas turmas de alfabetização. SAPIENS - Revista De divulgação Científica, 3(1), 11–29. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5785