Jacques Rancière, Igualdade e Democracia Radical: um paradoxo para a acadêmica noção de povo e hegemonia

Autores

  • Igor Ramon Lopes Monteiro UFMG
  • Douglas Tomácio Tomácio UEMG
  • Eliane da Silva Machado UEMG

Resumo

Com este trabalho pretendíamos refletir sobre uma das noções de igualdade apontadas por Jacques Rancière – uma espécie de mestre ignorante. A pergunta era bem simples: a igualdade poderia ser considerada o fundamento da democracia? Embora saibamos que sim, passamos a achar que não seria muito interessante pensar desse modo. Em certo momento, chegamos a considerar que o mais legal seria pensar que a democracia não tem fundamento. Porém, esta é uma posição bem radical. Ela é politicamente radical. Então nossa dúvida passou a ser outra: será que conseguiríamos operar com essa perspectiva? A partir dessas e outras indagações, percorremos algumas análises no campo da intitulada “democracia radical”, âmbito em que igualdade, liberdade e pluralismo parecem representar uma tríade estratégica para a construção de um projeto de hegemonia-aberta ou, ainda, uma suavização de formas mais rígidas de governo e soberania. Eram posições teóricas muito relevantes, mas, por outro lado, já tínhamos a nossa. Estávamos com a disposição para defender que a democracia precisaria ser um regime da igualdade. Um regime em que a igualdade precisaria ser um axioma – do contrário, não seria nada. Diante dos desconcertantes achados – sem entrar nos inúmeros dilemas que saltaram aos olhos – e com uma vontade enorme de compartilharmos apontamentos, acabamos optando por uma outra tarefa. Passamos a refletir sobre a igualdade em uma dimensão mais convencional, limitada e particular: dentro da relação mando-obediência. A partir daí, nos detivemos aos contornos que teria a operação “povo-sujeito”. Ao final, além de notar o óbvio, que a igualdade poderia funcionar como um analisador polêmico das distintas categorias assimétricas que têm configurado o nosso campo social, também começamos a visualizar que, na prática, a igualdade poderia ser concebida como uma técnica de escrita contra-hegemônica radical, um tipo de relação na qual a própria noção de democracia, na prática e na linguagem científica, estão em questão.

Biografia do Autor

Igor Ramon Lopes Monteiro, UFMG

Filósofo, Mestre em Psicologia e Doutorando em Psicologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG. Coordenador executivo do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT-UFMG - NUH/UFMG. Pesquisador associado da Universidade de Sussex - Inglaterra. 

Eliane da Silva Machado, UEMG

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001), graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (1990) especialização em Metodologia do Ensino Superior (1991) e especialização em Metodologia do Ensino de 1º e 2º Graus (1992) ambas pelo Centro de estudos e pesquisas educacionais de Minas Gerais. Tem experiência na área de Gestão, Educação e Política Públicas. Atuando principalmente como coordenadora de: Núcleo de apoio docente, Núcleo de Educação a Distância e Núcleo de TCC; e como docente no ensino superior nas seguintes áreas: Metodologias de ensino, Estudos sobre a Infância, Gestão Escolar coordenação pedagógica, Didática, Política educacional, Metodologias de ensino, Metodologia Científica e Pesquisa e Metodologias de ensino a Distância. Tendo atuado no ensino fundamental entre 1987 e 1995 na Rede Municipal de ensino da Prefeitura de Belo Horizonte.

Referências

BADIOU, Alain; [et.al.]. Qué es un pueblo?. la ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Eterna Cadencia Editora, 2014.

BELL HOOKS, Feminismo: uma política transformacional. In: Baptista, Maria Manuel (Org.). Gênero E Performance: Textos Essenciais 1. 1a ed – Coimbra: Grácio Editor, 2018.

FOUCAULT, Michel; MOTTA, Manoel Barros da. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2005.

RANCIÈRE, Jacques. Mestre Ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual; tradução de Lilian do Valle – Belo Horizonte: Autêntica, 2002

RANCIERE, Jacques. El filósofo y sus pobres. 1a ed. – Los Polvorines: Universidad Nacional de General Sarimento; Buenos Aires: INADI, 2013.

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Publicado

11-12-2019

Como Citar

Lopes Monteiro, I. R., Tomácio, D. T., & Machado, E. da S. (2019). Jacques Rancière, Igualdade e Democracia Radical: um paradoxo para a acadêmica noção de povo e hegemonia. Revista Interdisciplinar Sulear, (3). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sulear/article/view/4369