PODE A NATUREZA FALAR? PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL MULTIESPÉCIE
Palavras-chave:
pluriversos; educação ambiental crítica; diversidade biocultural.Resumo
A colonialidade do poder e do saber, a outra face do projeto da modernidade, teve como consequência o apagamento e subalternização da diversidade saberes produzida pelos povos e comunidades à margem do aparato técnico-científico ocidental. Ao mesmo tempo, a própria natureza, reduzida a uma metafísica mecanicista, foi convertida em mero palco da marcha inexorável do progresso conduzida pelo capital organizado. Neste texto propormos um alargamento das lutas decoloniais contra os epistemicídios e construção de uma ecologia de saberes que reconheça os conhecimentos e mundos mais que humanos produzidos pelos outros viventes. Dada a coincidência ontológica entre viver e conhecer, a consideração dos saberes inscritos nos corpos, nos territórios e nas alianças entre as espécies tornam-se a matéria de uma educação ambiental para a construção de sujeitos ecopolíticos. A educação (ambiental) pois, não é mais pensada como u fenômeno humano, mas um ato contínuo que se dá em um mutirão multiespécie para produção de pluriversos. Desta forma, frente às ruinas do capitaloceno, somos provocados a pensar sobre caminhos de construção de uma educação ambiental multiespécie, em que a regeneração das bases da vida seria possível a partir da atenção à multidão de vozes dos viventes de Gaia.
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