EDUCAÇÃO INTERCULTURAL INDÍGENA NO ÂMBITO DO (DES)ARRAIGAMENTO ECOLÓGICO

Autores

Resumo

Este artigo trata de questões inerentes à educação intercultural indígena e a crença em seu papel na revitalização dos saberes tradicionais. Partindo de fontes diversas e utilizando uma abordagem ecológica com ênfase nos domínios alimentares, buscamos entrever as implicações entre as estratégias educacionais propostas pelo Núcleo Takinahakỹ (NTFSI) da Universidade Federal de Goiás e o desinteresse de seus alunos em realizar trabalhos relacionados à retomada de suas memórias e práticas bioculturais. Notamos que tal desinteresse resulta de novos padrões adaptativos surgidos em situações de severas mudanças de estado em seus sistemas socioecológicos tradicionais. As reflexões que apresentamos aqui indicam a necessidade de novas possibilidades metodológicas, no âmbito da educação intercultural, para a compreensão das relações entre as sociedades indígenas envolvidas e suas escolhas quanto à recriação de suas práticas tradicionais.

Biografia do Autor

Alexandre Martins de Araújo, Universidade Federal de Goiás

Historiador, Mestre e Doutor em História. Professor do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, Universidade Federal de Goiás

Carlos Abs da Cruz Bianchi, Universidade Federal de Goiás

Biólogo, Mestre em Ecologia, Doutor em Wildlife Science. Professor do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, Universidade Federal de Goiás

Referências

APINAJÉ, E. D. Modos de exploração do babaçu: entre o capital e o tradicional. 2016. 18 f. Monografia (Projeto extraescolar da Licenciatura em Educação Intercultural) – Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, UFG, Goiânia.

BANIWA, G. Educação escolar indígena no século XXI: encantos e desencantos. Rio de Janeiro: Mórula/LACED, 2019. Disponível em: http://laced4.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2019/09/MN_EducacaoIndigena.pdf. Acesso em 09 out 2020.

BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. Seção 1, p. 27833. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em 16 set 2020.

BUSCHBACHER, R. A Teoria da resiliência e os sistemas socioecológicos: como se preparar para um futuro imprevisível? Boletim Regional, Urbano e Ambiental, Brasília, v. 9, p. 11-24, jan./jun. 2014. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/5561?locale=pt_BR. Acesso em 09 out 2020.

CARDOSO, A. M.; HORTA, B. L.; COIMBRA JR, C. E. A.; FOLLÉR, M.; SOUZA, M. C.; SANTOS, R. V. Inquérito nacional de saúde e nutrição dos povos indígenas. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2009. Disponível em: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-download_file.php?fileId=1284. Acesso em 02 ago 2020.

CATAÑO HOYOS, C. J.; D'AGOSTINI, A. Segurança Alimentar e Soberania Alimentar: convergências e divergências. Revista NERA, Presidente Prudente, v. 20, n. 35, p. 174-198, jan./abr. 2017. Disponível em https://revista.fct.unesp.br/index.php/nera/article/view/4855/0. Acesso em 09 out 2020.

FEITOSA, L. B.; VIZOLLI, I. Violência, luta e resistência: historicidade da educação rural à educação escolar indígena. Revista Brasileira de Educação do Campo, Tocantinópolis, v. 4, e6233, p. 1-26. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e6233. Acesso em 09 out 2020.

FREIRE, J. R. B. F. Trajetória de muitas perdas e poucos ganhos. In: CARVALHO, F. L. Educação Escolar Indígena em Terra Brasilis - tempo de novo descobrimento. Rio de Janeiro: IBASE, 2004. p. 11-31. Disponível em: https://docplayer.com.br/7335401-Trajetoria-de-muitas-perdas-e-poucos-ganhos.html. Acesso em 09 out 2020.

GRUPIONI, L. D. B. Quando a antropologia se defronta com a Educação: formação de professores índios no Brasil. Pró-Posições. Campinas, vol. 24, n. 2 (71), p. 69-80, mai./ago. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73072013000200006. Acesso em 09 out 2020.

INGOLD, T. Da transmissão de representações à educação da atenção. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 1, p. 6-25, jan./abr. 2010. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/6777. Acesso em: 04 out 2020.

JANUÁRIO, E.; SELLERI, F.; DE ÂNGELO, F. N.; THIAGO, F.; AWETI, A.; SILVA, M. H. Atuação dos professores indígenas egressos de cursos superiores no estado de Mato Grosso. Revista Teoria e Prática da Educação, Maringá, v. 16, n. 2, p.129-143, mai./ago. 2013. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/24372. Acesso em 09 out 2020.

JAVAÉ, W. H. W. Txuara/Hinajé – Dança tradicional do povo Javaé. In: NAZARENO, E.; RIBEIRO, J. P. M. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume IX. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017a. p. 55-84.

JAVAÉ, S. S. Hetohoky: a grande festa do povo Javaé. In: NAZARENO, E.; RIBEIRO, J. P. M. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume IX. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017b. p. 85-144.

KARAJÁ, A. C. e KARAJÁ, E. L. Hábitos alimentares tradicionais do povo Karajá Xambioá. In: SILVA, Léia de Jesus; REZENDE, T. F.; NAZARENO, E.; NASCIMENTO, A. M. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume II. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2015. p. 129-236.

LEITE, M. S. Sociodiversidade, alimentação e nutrição indígena. In: BARROS, D. C; SILVA, D. O.; GUGELMIN, S. Â. (Org). Vigilância alimentar e nutricional para a saúde indígena. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. p. 181-210. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/327093782_Sociodiversidade_alimentacao_e_nutricao_indigena. Acesso em 07 out 2020.

LEITE, M. S. Nutrição e alimentação em saúde indígena: notas sobre a importância e a situação atual. In: GARNELO, L.; PONTES, A. L. (Org.). Saúde Indígena: uma introdução ao tema. Brasília: MEC SECADI, 2012. p. 156-183. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_indigena_uma_introducao_tema.pdf. Acesso em 09 out 2020.

LIMA, C. B. F. Plantas medicinais do território Tapuia. In: SILVA, L. J.; COSTA, K; REZENDE, T. F.; OLIVEIRA, C. C. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume VI. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2018. p. 11-222.

MAHER, T. M. A formação de professores indígenas: uma discussão introdutória. In: GRUPIONI, L. D. B. (Org.). Formação de professores indígenas: repensando trajetórias. Coleção Educação para Todos. Brasília: MEC SECADI, 2013. p. 11-38. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=645-vol8profind-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192. Acesso em 09 out 2020.

MATOS, K. G.; MONTE, N. L. O Estado da arte da formação de professores indígenas no Brasil. In: GRUPIONI, L. D. B. (Org.). Formação de professores indígenas: repensando trajetórias. Coleção Educação para Todos. Brasília: MEC SECADI, 2013. p. 69-114. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=645-vol8profind-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192. Acesso em 09 out 2020.

MATURANA, H.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2005.

MILTON, K. Ecologías: antropología, cultura y entorno. Revista Internacional de Ciências Sociales, Madri, v. 154, p. 86-115, 1997. Disponível em: https://ecolamancha.wordpress.com/2007/12/26/ecologias-antropologia-cultura-y-entorno-por-kay-milton/. Acesso em 09 out 2020.

MORAN, E. Adaptabilidade Humana: uma Introdução à Antropologia Ecológica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Editora Senac, 2010.

MOURA, P. G.; BATISTA, L. R. V.; MOREIRA, E. A. M. População indígena: uma reflexão sobre a influência da civilização urbana no estado nutricional e na saúde bucal. Revista Nutrição [online], Campinas, v. 23, n. 3, p. 459-465, mai./jun. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-52732010000300013. Acesso em 09 out 2020.

NTFSI. Projeto pedagógico do curso: Licenciatura em Educação Intercultural. Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019.

OLIVEIRA, A. S. S. Efeitos da monetarização nos hábitos de consumo da etnia Asuriní do Xingu, Altamira/PA. 2010. 108 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Taubaté. Disponível em: http://repositorio.unitau.br:8080/jspui/bitstream/20.500.11874/957/1/Ana%20Silvia%20de%20Souza%20Oliveira.pdf. Acesso em 09 out 2020.

ROCHA, L. M.; BORGES, M. V. A elaboração de projetos de pesquisa e dos projetos extraescolares numa perspectiva intercultural: desafiando o pensamento abissal. In: SILVA, M. S. P.; BORGES, M. V. (Org.). Educação Intercultural. Experiências e desafios políticos pedagógicos. Goiânia: PROLIND/SECADI/MEC/FUNAPE, 2013. p. 133-168.

SALAS-ZAPATA, W. A.; RÍOS-OSORIO, L. A.; DEL CASTILLO, J. Á. Bases conceptuales para una clasificación de los sistemas socioecológicos de la investigación en sostenibilidad. Revista Lasallista de Investigación, Antioquia, v. 8, n. 2, p. 136-142. 2011.

SILVA, E. G. Hábitos alimentares tradicionais do povo Guarani. In: SILVA, L. J.; NASCIMENTO, A. M.; NAZARENO, E.; RIBEIRO, J. P. M. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume IV. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017. p. 11-66.

TASSINARI, A. M. I; GOBBI, I. Políticas públicas e educação para indígenas e sobre indígenas. Educação (UFSM), Santa Maria, v. 34, n. 1, p. 95-112. 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5902/19846444. Acesso em 09 out 2020.

TOLEDO, V. M.; BARRERA-BASSOLS, N. La memoria biocultural: la importancia ecológica de las sabidurías tradicionales. Madrid: Icairia editorial, 2008. Disponpivel em: https://paginas.uepa.br/herbario/wp-content/uploads/2017/12/LAMEMORIABIOCULTURALpdf.pdf. Acesso em 08 out 2020.

URQUIZA GÓMEZ, A.; CADENAS, H. Sistemas socio-ecológicos: Elementos teóricos y conceptuales para la discusión en torno a vulnerabilidad hídrica. L'Ordinaire des Amériques, Toulouse, n. 218, jul. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.4000/orda.1774. Acesso em 02 ago 2020.

XERENTE, P. C. Doenças crônicas nas comunidades Akwẽ: O diabetes. In: NAZARENO, E.; SILVA, L. J.; SILVA, J. A. F. (Org.). Documentação de saberes indígenas na UFG: povo indígena Akwẽ - Xerente (Volume VIII). Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017a. p. 67-112.

XERENTE, R. S. O consumo de alimentos industrializados entre os Akwẽ. In: SILVA, L. J; FERNANDES, J.; BORGES, M. V.; BRUNO, T. N. R. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume V. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017b. p. 69-118.

XERENTE, A. W. Alimento tradicional do povo Akwẽ Xerente. In: SILVA, L. J.; FERNANDES, J.; BORGES, M. V.; BRUNO, T. N. R. (Org.). Documentação de saberes indígenas, Volume V. Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017c. p. 45-68.

XERENTE, R. S. Plantas medicinais do povo Akwẽ - Xerente. In: NAZARENO, E.; SILVA, L. J.; SILVA, J. A. F. (Org.). Documentação de saberes indígenas na UFG: povo indígena Akwẽ - Xerente (Volume VIII). Goiânia: Editora Imprensa Universitária, 2017d. p. 113-152.

XERENTE, G. S. P. Roça Tradicional do Povo Akwẽ. 2020, 25f. Monografia (Projeto extraescolar da Licenciatura em Educação Intercultural) – Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, UFG, Goiânia.

Downloads

Publicado

26-04-2021

Como Citar

Araújo, A. M. de, & Bianchi, C. A. da C. (2021). EDUCAÇÃO INTERCULTURAL INDÍGENA NO ÂMBITO DO (DES)ARRAIGAMENTO ECOLÓGICO. Revista Interdisciplinar Sulear, (9), 10–29. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/sulear/article/view/5227