Educação e resistência quilombola

entre o racismo cotidiano e o direito à inclusão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i2.9559

Palavras-chave:

Quilombolas; Educação antirracista; Racismo; Educação Engajada; Inclusão.

Resumo

O ambiente escolar no Brasil não está preparado para promover a inclusão de crianças quilombolas em sua integralidade, de forma que essas crianças possam usufruir dos seus direitos, conforme a Constituição Federal Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois elas sofrem discriminações, o que as fazem viver em condições desiguais de liberdade e de dignidade. O objetivo deste estudo foi investigar as vivências de crianças quilombolas, que frequentam escolas não engajadas sobre seus sofrimentos e barreiras. Como método, foi adotada a pesquisa qualitativa e a história oral. As falas demonstram a exclusão das crianças quilombolas na escola, devido ao racismo que sofrem e à necessidade de apoio fora da escola. É necessária a adoção de uma educação engajada e antirracista para a promoção de uma ampla aprendizagem e troca de saberes.

Biografia do Autor

Cláudia Aparecida Avelar Ferreira, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutora em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS). Pós-doutorado em Geografia- Tratamento da informação espacial.  Estágio Pós-doutoral em Administração pelo Programa de Pós-graduação em Administração- PUC MINAS. Linha de pesquisa: Pessoas, Trabalho e Sociedade: Diversidade nas organizações. Grupo de Pesquisa GEDI- Grupo de Estudos de Gestão, Diversidade e Inclusão; Geografia- Fluxos e análises espaciais e NEHRUT- Núcleo de Estudos em Recursos Humanos e Relações de Trabalho. Mestre em Administração pelo Centro Universitário UNA. Graduada em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989) no curso de farmácia e bioquímica. Tem especialização em administração de serviços de saúde e saúde pública (UNAERP), MBA em Gestão de Organizações Hospitalares e Serviços de saúde (FGV) e Assistência Farmacêutica no SUS (UFSC).

Amanda Carolino Ribeiro, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da UFMG. Mestre em Administração da PUC Minas. Graduada em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e especialista em Coordenação Pedagógica e Supervisão Escolar. Extensionista do projeto Universidade Aberta (PUC MINAS e Brumadinho Unindo Forças)/Pró-reitoria de Extensão/PUC Minas. Atualmente é membro(a) do NUPEGS - Núcleo de Pesquisa em Ética e Gestão Social/PPGA-PUC Minas/REDE CT - Rede de Pesquisadores sobre Povos e Comunidades Tradicionais (UNESP)/Núcleo de Estudos em Literaturas, Artes e Saberes - NELAS/UFVJM.

Maraísa da Silva Soares Costa, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutoranda em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Sociologia pelo Instituto Universitário de Lisboa. Graduada em Administração pela PUC Minas.

Simone Costa Nunes, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutorado (2007) e Mestrado (1999) em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, nas áreas de Novas Tecnologias Gerenciais e Organizações e Recursos Humanos, respectivamente; Graduação em Administração (1990). Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas (desde 1998). Desde 2008, faz parte do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA/PUC Minas. 

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Publicado

2025-11-04

Como Citar

Ferreira, C. A. A., Ribeiro, A. C., Costa, M. da S. S., & Nunes, S. C. (2025). Educação e resistência quilombola: entre o racismo cotidiano e o direito à inclusão. SCIAS. Direitos Humanos E Educação, 8(2), 861–880. https://doi.org/10.36704/sdhe.v8i2.9559