VISUALIDADES EXPANSIVAS

O ENSINO DA FOTOGRAFIA JUNTO À PESSOAS CEGAS E BAIXA VISÃO

Autores

Palavras-chave:

Fotografia, Arte-Educação, Deficiência Visual, Inclusão

Resumo

Pessoas cegas e com baixa visão produzem fotografias, elas recorrem a uma totalidade corpórea que olha. Tal produção imagética questiona discursos cristalizados socialmente ao expandir as compreensões sobre o ver, subverter o oculocêntrismo, bem como ampliar as ponderações sobre a experiência sensorial no universo da fotografia. Diante este cenário, esta pesquisa indica que tais reflexões e processos de criação devem estar presentes no ensino da fotografia, incorporando de forma inclusiva estudantes videntes e não videntes. Pertence a cada estudante o papel de fonte emissora e criativa, articulador das suas próprias experiências e construções simbólicas. O referencial teórico encontra-se embasado nas perspectivas da arte-educação, da linguagem fotográfica e na fenomenologia da percepção. Para tanto, utiliza-se Bavcar (2000; 2015), Alves (2015, 2020), Merleau-Ponty (1994), Didi-Huberman (2010, 2012) entre outros.

Biografia do Autor

Cristianne Melo, Universidade Federal de Campina Grande

Cristianne Melo é professora titular na Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, na Unidade Acadêmica de Arte e Mídia - UAAMi. É membro do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Fotografia - GPDF, vinculado ao CNPQ.  Atualmente, é doutoranda em Educação Artística pela Universidade do Porto - Portugal, e investiga o ensino da linguagem fotográfica junto à pessoas cegas e com baixa visão, bem como a experiência estética germinada neste processo. 

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Publicado

2021-08-10

Como Citar

Melo Amorim, C. P. (2021). VISUALIDADES EXPANSIVAS: O ENSINO DA FOTOGRAFIA JUNTO À PESSOAS CEGAS E BAIXA VISÃO. SCIAS - Arte Educação, 9(1), 129–144. Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/scias/article/view/5762