Desigualdade social, juventude e emancipação: desafios e possibilidades
challenges and possibilities
Palavras-chave:
desigualdade social, juventudeResumo
O aprofundamento das desigualdades sociais está associado ao modelo capitalista de exploração, expropriação e acumulação de riqueza, como vêm demonstrando extensamente, a literatura científica. Em países como o Brasil, cuja história é marcada pelo processo de colonização, as desigualdades sociais atuam na (re)produção e perpetuação da opressão, da marginalização e da supressão de direitos, configurando o que é entendido por alguns autores, como colonialidade. Partindo deste enfoque, este estudo propõe uma reflexão sobre alguns efeitos das desigualdades sociais na vida das e dos jovens brasileiros, analisando alguns dos principais desafios encontrados por essa população em seus processos de formação, inserção social e emancipação, frente à realidade atual. Dentre os estudos consultados para esta discussão, recorremos a teorizações de Therborn (2010), Quijano (2005, 2007), e Fanon (2022), propondo uma articulação entre desigualdade social e os distintos modos de dominação; buscamos, na Psicologia Sócio-Histórica (Bock; 2004, 2022), e em autores como Leon (2005), e Freitas (2005), entre outros, elementos para compreender a categoria juventude; e nos valemos da perspectiva de Freire (1967, 1991) e Fanon (2022) acerca da emancipação humana. Salientamos que a complexidade das barreiras enfrentadas pelos jovens na busca por sua emancipação, exige a superação das estruturas sociais de opressão, injustiças e desigualdades.
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