A mídia e a experimentação com animais no ensino básico de ciências no Estado de São Paulo: uma análise da cobertura feita por jornais impressos nas décadas de 1960 e 1970
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https://doi.org/10.24934/eef.v24i43.5636Palavras-chave:
Vivissecção, Ensino de Ciências, Feiras de Ciências, História da Educação, ImprensaResumo
O movimento renovador introduziu atividades práticas ao ensino de ciências nas escolas brasileiras durante as décadas de 1950 a 1970, entre elas a experimentação animal. O objetivo deste artigo foi analisar como jornais do período retrataram as práticas de experimentação animal no ensino básico de ciências em São Paulo e como as controvérsias em torno do assunto foram veiculadas. Nosso levantamento identificou 109 registros de 11 jornais das décadas de 1960 e 1970. Nos anos 1960, os jornais mostraram que os trabalhos com animais chamavam a atenção do público visitante de feiras de ciências escolares e justificaram sua existência como parte do aprender ciência. Na década de 1970, observamos a recomendação de evitar experimentação animal e a presença de entidades regulando-a. Os jornais expuseram as críticas dos que consideravam as experimentações arriscadas para animais e estudantes, bem como a posição de educadores e entidades científicas na defesa das práticas.
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